A resposta do Duque de Caxias sobre a ‘lentidão’ da Guerra do Paraguai apontada por senadores
Apesar da vitória no conflito, Caxias teve de enfrentar críticas: “Não há nada mais fácil do que criticar operações e indicar planos mais vantajosos depois de os fatos estarem consumados”
Visando impedir, entre outras coisas, a expansão imperialista do líder paraguaio Solano López, o Império do Brasil se juntou a Argentina e o Uruguai e formaram um acordo chamado de Tríplice Aliança. Começava assim, em 29 de dezembro de 1864, a Guerra do Paraguai.
O conflito durou até 8 de abril de 1870, vitimando, ao todo, cerca de 440.000 pessoas, entre combatentes e civis — sendo 100 mil delas brasileiras.
Ao fim do conflito, em julho daquele mesmo ano, duque de Caxias esteve na tribuna do Senado para prestar contas sobre a ação das tropas aliadas, já que ele comandava os soldados brasileiros.
Como recorda matéria publicada no site do Senado Federal, o senador vitalício pelo Partido Conservador mal saiu do conflito e já foi alvejado com inúmeras críticas.
A maioria delas, é bem verdade, vieram de seus opositores, os senadores do Partido Liberal, que o criticaram, entre outros motivos, pelo fato das tropas brasileiras terem demorado em tomar a Fortaleza de Humaitá e ocuparem Assunção.
“Senhores, não há nada mais fácil do que criticar operações e indicar planos mais vantajosos depois de os fatos estarem consumados, de longe e com sangue frio. Mas o mesmo não acontece a quem se acha no teatro das operações, caminhando nas trevas, em um país inteiramente desconhecido e inçado de dificuldades naturais”, disse, conforme aponta a Agência Senado.
Além do mais, duque e Caxias relembrou de outras dificuldades que teve que superar, como o fato de não existir mapas do Paraguai e tampouco pessoas confiáveis que conhecessem com propriedade os acidentes geográficos do país vizinho.
“É preciso que os nobres senadores se convençam de que a Guerra do Paraguai, desde o seu começo, foi feita às apalpadelas. Só se conhecia o terreno que se pisava. Era preciso ir fazendo reconhecimentos e explorações para poder dar um passo”, completou.
O duque dos conflitos
Antes de comandar as tropas brasileiras na Guerra do Paraguai, o duque era ainda um marquês — o novo título só foi dado por dom Pedro II em 1869, explica a Agência Estado.
Além disso, para o conflito de 1864, ele já levava a experiência militar de outros dois movimentos revoltosos: a Balaiada, no Maranhão; e a Revolução Farroupilha, no Rio Grande do Sul.
Assim, quando foi chamado para o campo de batalha no Paraguai, sua escolha parecia a mais coerente possível, já que, até então, o comando anterior das tropas tupiniquins dava mostras de que não conseguiria superar de jeito nenhum Solano López.
Aos senadores, pós-guerra, Caxias disse que encontrou os combatentes em uma situação lamentável, divididos em dois corpos irregulares — com soldos, critérios de promoção e uniformes distintos —, e que, segundo ele, “pareciam pertencer a nações diferentes”.
Quando assumiu o comando, além de resolver o problema da falta de cavalos, também arranjou lugares seguros para que os prisioneiros de guerra fossem presos. Até então, estes eram mantidos “no meio do campo, cercados de sentinelas”.
Depois que os aliados tomaram Assunção, entre o fim de 1868 e começo de 1869, duque de Caxias deixou a guerra, visto que estava com a saúde comprometida. Seu lugar foi ocupado por conde d’Eu, marido da princesa Isabel.
A escolha feita por d. Pedro II se justifica pelo fato de d’Eu ter uma posição política neutra, o que não o comprometeria nem com os conservadores e nem com os liberais caso escolhesse um representante de um destes partidos.
A vitória na Guerra do Paraguai foi um importante marco para o governo de d. Pedro II, pois teve um significativo reflexo em seu fim, que se deu duas décadas depois.
Um dos pontos para isso foi que, no conflito, milhares de negros foram recrutados para reforçar o Exército. Seus papéis de destaque aceleraram a aprovação da primeira lei antiescravidão, a Lei do Ventre Livre, de 1871. Com ela, os barões de café, principais ‘prejudicados’ com sua implementação, passaram a não apoiar mais o imperador.
O segundo fator se dá com os militares que, apesar de terem sido vitoriosos, não gozaram do prestígio que esperavam, explica a Agência Senado. Com a monarquia enfraquecida, em 1889, o grupo não teve dificuldades para expulsar o imperador e implantar a República.