A valente Maria Bonita

Maria Bonita, mulher do cangaceiro Lampião, posa para o fotógrafo libanês Benjamin Abrahão junto aos seus dois cães, Guarani e Ligeiro, sertão nordestino em 1936. Imagem Colorizada Digitalmente.
Em 8 de março de 1911, nascia na atual cidade de Paulo Afonso, na Bahia, Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como MARIA BONITA. Ela entrou para a história como a primeira mulher a participar de um grupo de cangaceiros e também foi a mulher de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, conhecido como o “Rei do Cangaço”.
Conta-se que aos 15 anos, Maria Déia, como os familiares a chamavam, já estava casada com Zé de Neném (José Miguel da Silva), um sapateiro. Viveram juntos por cinco anos e não tiveram filhos. Ele era estéril. Brigavam constantemente e toda vez que acontecia um desentendimento, ela se mudava para a casa dos pais.
Virgulino passou por aqueles lados, arranchou-se na fazenda Malhada do Caiçara, dos pais de Maria e se engraçou por ela. Caiu de amores. E, impressionado com sua beleza, passou a chama-la de Maria Bonita. Ia passar por ali quatro dias, mas acabou ficando dez. Um romance tórrido. Nesse último dia, Maria ajeitou suas roupas e subiu na garupa de Virgulino.
A relação durou oito anos, e o casal teve uma filha, Expedita Ferreira Nunes (atualmente com 90 anos de idade), que foi criada por um casal de amigos vaqueiros. Depois disso, Maria Bonita engravidou outras vezes, mas sofreu abortos ou os bebês morreram ainda pequenos. Maria Bonita foi assassinada no dia 28 de julho de 1938, após ser degolada pela polícia. O mesmo aconteceu com Lampião e outros nove cangaceiros na quando foram emboscados na Grota de Angicos, em Poço Redondo (Sergipe) após o grupo ser emboscado pela volante comandada por João Bezerra da Silva.
A História de Lampião e Maria Bonita foi retratada em várias produções cinematográficas e televisivas, mas a mais conhecida foi a minissérie “Lampião e Maria Bonita” exibida em 1982 pela TV Globo. Escrita por Aguinaldo Silva e Doc Comparato, com direção de Paulo Afonso Grisolli e Luís Antônio Piá, a minissérie contou os últimos seis meses de vida de Lampião e Maria Bonita, protoganizados pelos atores Nelson Xavier e Tânia Alves. Os personagens seriam relembrados em 1997 no filme “Baile Perfumado”, dirigido por Lírio Ferreira e Paulo Caldas.
Com o enredo “o aperreio do cabra que o excomungado tratou com ‘má-querença’ e o santíssimo não deu guarida”, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense especulou sobre o que ocorreu com Lampião após a morte, inspirado nos cordéis A Chegada de Lampião no Inferno e O grande debate que teve Lampião com São Pedro, de José Pacheco no carnaval de 2023. O desfile contou com a partipação da filha de Maria Bonita e Lampião, Expedita Ferreira, num dos carros principais. A escola saiu-se vencedora, conquistando seu nono título de campeã das escolas de samba do Rio de Janeiro.

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