A voz de sucessos como “Não fale mal do meu país” e “O neném” contou com exclusividade ao Portal A TARDE sobre o seu pós São João e São Pedro. Uma parte especial na agenda do baiano é a comemoração pelos seus 30 anos de carreira. Um grande show estava previsto para o dia 30 de abril, na Concha Acústica do Teatro Castro Alves (TCA), mas a apresentação acabou adiada.
O cantor revelou que o evento ainda está de pé, e deve acontecer nesse segundo semestre, em parceria com o Bahia Sem Fome, programa estadual que tem como meta assegurar o acesso a alimentos às pessoas em situação de vulnerabilidade social. A ideia de Adelmário, inclusive, é que a festa seja gratuita.
“Estamos conversando porque o projeto estava já encaminhado, mas houve também o interesse do Bahia Sem Fome, do qual tenho muito carinho. Eu queria fazer de portões abertos. Estamos finalizando essas conversas para ver se nesse segundo semestre, a gente encontra aí uma data para fazer.
Com isso, o artista vai voltar ao palco da Concha após 17 anos. Em 2006, ele fez a gravação do DVD “Minha vida, meu forró” no mesmo local. Ele refletiu sobre as transformações na visão do forró ao longo dos anos.
“Naquela época, eu acho que o equipamento não contemplava a cultura popular nordestina, principalmente o forró. Quando eu cheguei, nos anos 70, ainda tinha muito mais resistência, principalmente, no sistema de comunicação. Forró não tocava na rádio, era bem pouco, olha lá, aqueles três dias de São João no junho. Hoje você vê um panorama bem diferente. Isso nos alegra, ver o forró sendo consumido o ano todo”, diz.
Turnê de sucesso
Outro grande projeto é a turnê “Triângulo do Forró”, com Dorgival Dantas e Flávio José, que vai dar seguimento ao show ocorrido em maio, na cidade de Lauro de Freitas. O projeto, que promete levar o melhor da música nordestina para diversas capitais e cidades pelo Brasil, deve estrear também a partir desse segundo semestre do ano.
“Foi extraordinário. Dorgival e Flávio são dois amigos, dois expoentes da música nordestina, pelos quais tenho muito carinho”, contou Adelmário.
O show de Lauro foi um verdadeiro sucesso, com ingressos esgotados. O baiano diz que muitas cidades já se interessaram em receber o trio, mas que a agenda ainda não está fechada oficialmente.
Até lá, quem quiser ver esse “panteão do forró”, terá a oportunidade em Vitória da Conquista, no dia 13 de julho, durante a festa de São Pedro do município. “Mas o Triângulo do Forró vai ter vida, se Deus quiser, a partir do segundo semestre”.
Tradição do forró
E para o forró se manter em voga ao longo do ano, Adelmário destaca a importância do São João, que é quando a musicalidade fica no centro. Para o forrozeiro, não fazer do gênero musical o anfitrião das festas juninas é descaracterizar toda a cultura do evento.
“Dentro das comemorações da festa juninas, é preciso olhar a dosimetria que os gestores, os contratantes, dão para o forró ser o anfitrião da festa. O forró não pode ficar em minoria numa festa junina, você pode contratar o pop, um axé, o pagode, mas isso não pode estar ali como um titular. O titular é o forró, porque se não, descaracteriza totalmente a festa”.
Além das críticas musicais, o baiano discutiu a preservação das tradições juninas, como as danças ao redor da fogueira e a gastronomia típica. Ele lamentou que algumas escolas tenham adaptado as festas juninas, perdendo parte da essência cultural.
“Precisamos caracterizar a nossa cultura e não deixar órfãos as gerações. Poxa, eu tenho memórias do meu interior quando criança, lá no meu Barro Vermelho [Distrito de Curaçá], de rodar na fogueira, de quebrar o pote, de assar o milho, dos batizados…Eu participo de festas juninas em escolas e acho que a escola precisa ter esse cuidado e compromisso com nossa cultura, que é tão forte, tão característica. Temos 11 meses para celebrar outras culturas, junho tem que ser São João tradicional”.
Citando seu mais recente sucesso “Manteiga no Pão”, que liderou as paradas musicais em várias capitais, Adelmário ressaltou a importância de manter o forró atualizado com a linguagem das novas gerações, sem perder a conexão com suas raízes.
“O forró, hoje, tem que estar atualizado com a linguagem da geração. Se você for no campo poético, a juventude atual já não quer mais ouvir, por exemplo, lamento da seca, do sofrimento, da tristeza. Ela ainda quer ouvir o forró, mas como uma forma de mensagem, de amor”, pontua.