Adriane Galisteu desabafa: ‘Antes do Alê, só me deparava com homens que não queriam me ver de moletom’

Adriane Galisteu, estilista em “O tempo não para”, teve uma avó costureira Foto: Vinícius Mochizuki
Regiane Jesus

Se Adriane Galisteu sentasse numa máquina de costura para traduzir quem ela é em pedaços de tecidos, certamente nasceria uma bela peça, confeccionada com mãos firmes, estilo próprio e cores vibrantes. Bem diferente do recorte em preto e branco com que Zelda, a estilista decadente de “O tempo não para”, vem alinhavando sua vida. Caso ficção e realidade pudessem se fundir, a atriz e apresentadora de 45 anos não teria dúvida em, com uma tesourada precisa, cortar as manguinhas da personagem que é capaz de escravizar os funcionários de sua grife e roubar os croquis assinados por Marocas (Juliana Paiva). Em comum, apenas a paixão pela moda e um cenário bem familiar. A escolha da Fábrica de Figurinos dos Estúdios Globo como pano de fundo para esse ensaio de capa da Canal Extra não foi obra do acaso.

— Minha avó (Agnes, já morta) costurava todas as roupas da minha mãe (Emma, de 76 anos), fazia peças para mim quando eu era criança e alguns trabalhos para fora. Tenho memória afetiva da salinha de costura dela, com tecidos espalhados até o teto, muitas linhas, uma máquina bem antiga, preta, que ficava sobre uma mesa de madeira. Até hoje, eu me lembro do barulho da máquina da minha avó. Não sei costurar, mas teve uma época em que eu fazia crochê e tricô. Hoje, se eu precisar fazer uma bainha, quebro um galho colando fita dupla face. Talvez esse seja meu lado truqueiro — diverte-se, completando: — Mas truqueira mesmo é Zelda. Ela está num estado de desespero por grana tão grande que tomou atitudes erradas com pessoas erradas e se enroscou. Ela está dançando uma música que pessoas do bem não dançariam. Numa situação como essa, buscaria estar próxima de gente do bem para reconstruir minha marca.

Adriane Galisteu não é mais consumista como antigamente
Adriane Galisteu não é mais consumista como antigamente Foto: Vinícius Mochizuki

Adriane pode falar de crise com conhecimento de causa. Após passagens por RedeTV!, Record e SBT, ela se viu sem um programa para comandar. O momento de baixa na vida profissional a obrigou a escolher novos caminhos:

— Fui me reinventar. Criei um canal no YouTube e fui fazer rádio (Globo, onde apresenta o “Papo de almoço” às quartas-feiras, ao meio-dia). Não bateu desespero. Bateu tristeza e agonia, mas boto fé em mim! Perguntava a Deus por que aquilo estava acontecendo. Esse foi um bom momento para me questionar e me transformar. Sou feliz por ter o privilégio de sobreviver e pagar as contas fazendo o que amo.

Casada com o empresário Alexandre Iódice há dez anos, a mãe de Vittorio, de 8, arca com 50% das despesas da família.

— Pago muitas contas. Eu e Alê dividimos tudo. Só viagens que, às vezes, um dá de presente para o outro. Minha mãe me ajuda nos pagamentos porque eu esqueço. Se deixar, fico inadimplente (risos). Eu me atrapalho, não sei lidar com dinheiro, fazer aplicações… Sou boa para gastar, sair para comprar. Mas está fora de moda pagar muito caro por uma peça, se endividar e não estar feliz com o que se tem — observa a artista, que estreou na Globo no ano passado, na “Dança dos famosos”.

Adriane Galisteu, no ar em “O tempo não para”, divide as despesas de casa com o marido
Adriane Galisteu, no ar em “O tempo não para”, divide as despesas de casa com o marido Foto: Vinícius Mochizuki

Foi-se o tempo em que Adriane era uma consumista inveterada.

— Já fiz loucuras! Depois de Vittorio, faço bem menos. Tenho um filho para criar. Perdi o hábito de comprar por comprar, mas continuo reclamando que não tenho roupa — brinca ela, para, em seguida, recordar os excessos que cometeu no início da carreira de modelo: — Lembro que, quando ganhei meu primeiro dinheiro, fui para Itália, entrei na Versace (grife internacional) e comprei tudo o que vi pela frente, inclusive muitas coisas que não tinham nada a ver comigo. Sabe aquela história de quem vivia na pobreza, passou vontade a vida inteira e, ao poder comprar, se atrapalha toda? Foi o que aconteceu comigo. Quando cheguei em casa e disse para minha mãe que não ia usar várias peças, ela me obrigou a vesti-las. Ou então eu ia ter que comê-las com sal e pimenta. Aprendi muito com isso e nunca mais repeti a dose.

A saúde financeira da atriz e apresentadora não conta apenas com o auxílio luxuoso de Dona Emma. Seu marido também é um importante ponto de equilíbrio nesse quesito.

— Alê botou ordem na minha vida, me chamou à realidade, mostrando que eu tinha profissionais trabalhando comigo que eu não precisava ter. Cortamos o excesso de gastos. Diminuí os custos porque não sei o dia de amanhã. Mas também, se tiver que morar numa quitinete, a gente vai se adaptar e ser feliz. Não tenho medo nem vergonha de nada — frisa.

Adriane Galisteu é um dos destaques de “O tempo não para”
Adriane Galisteu é um dos destaques de “O tempo não para” Foto: Vinícius Mochizuki

Com Iódice, Adriane se revela por inteiro, de verdade, sem máscaras e sem receio de não ser aceita do jeito que é.

— Alê foi o primeiro homem que tive que colocou a mão na massa, que quis saber onde poderia me ajudar. Essa parceria é difícil de encontrar.Às vezes, quando o cara se depara com os seus problemas, as suas angústias, não te quer mais. Tem os que só te querem brilhando. Isso é assustador. Eu me deparava com homens que só queriam estar comigo da porta para fora, que não gostavam de me ver de moletom, com o cabelo desarrumado, sem maquiagem. Vivi isso na pele e achei que ia ser difícil encontrar alguém como Alê. Mas um dia ele chegou e me aceitou como eu sou. E ainda sabe cozinhar! — elogia.

Por tudo que o marido representa em sua vida, a artista não tem dificuldade de se manter apaixonada uma década depois do primeiro encontro.

— Para continuar com a chama da paixão acesa, é preciso ter admiração. Se deixar de admirar, o negócio apaga, aí não tem tesão, beijo na boca, dá preguiça de tudo. Adoro sair para jantar só eu e Alê. Até a saudade, que agora é maior porque tenho ficado muito no Rio em função da novela (o casal mora em São Paulo), faz bem para o casamento. Na verdade, sinto muita falta do meu marido e de Vittorio — conta, completando: — Mas meu filho é desgarrado. Ele é do mundo, e isso tem me doído profundamente, porque sou dependente da minha mãe até hoje. Se eu não ligar para Vittorio, meu telefone não toca. Ele está sempre num momento importante, jogando futebol, por exemplo (risos). É o jeito dele, mas é um menino muito amoroso!

Adriane Galisteu quer ter mais um filho depois que “O tempo não para” acabar
Adriane Galisteu quer ter mais um filho depois que “O tempo não para” acabar Foto: Vinícius Mochizuki

E, se depender de Adriane, a família aumentará:

— Estava no início de um processo de inseminação artificial quando fui convidada para o teste da novela. Quando “O tempo não para” acabar, vou correr para o tratamento. Não congelei óvulos porque, quando pensei nisso, meu ginecologista disse que eu estava maluca, que meus óvulos são idosos. Deveria ter congelado lá atrás. Mas vou tentar ter outro filho. Acredito que pode dar tempo e não desisto.

Adriane Galisteu é do tipo que pinta, borda e faz acontecer.

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