Advogado de Uauá ingressa com ação na justiça contra Embasa por deixar faltar água e cobrar ar registrado em hidrômetro; em outro processo, empresa foi condenada, mas peita a justiça e não cumpre decisão

 

Redação

Os problemas gerados pela distribuição de água nas torneiras da cidade de Uauá, através da Embasa, estão causando sérios transtornos à população. Além da falta do liquido, os consumidores estão se queixando dos preços abusivos cobrados nas tarifas, em alguns casos, moradores decidiram ingressar com ações na justiça a exemplo do advogado Helder Cardoso.

“A Embasa fornecia água três vezes por semana, de repente começou a fornecer duas chegando a reduzir uma vez por semana, sendo que hoje fornece água a cada quinze dias, quer dizer, temos água duas vezes no mês. E ao contrário do que a gente imaginava, em vez das contas reduzirem, os valores estão aumentando, isso porque a Embasa passou a vender ar como se fosse água”, denunciou o advogado.

Diante do impasse, Dr, Helder Cardoso afirmou que assim como ele, outras pessoas da cidade estão enfrentando sérios problemas. “Ou a gente estoca água em reservatório amplo, ou a gente passa necessidade. Hoje sou obrigado a comprar água mineral. Na minha casa são cinco pessoas e fomos obrigados a reduzir a quantidade de banho, até a lavagem de roupa está sendo feita em outros lugares”.


Diante da situação, a reportagem questionou se o mesmo teria procurado a autarquia estadual. “Procurei, mas não resolveu o problema”. Ele revelou ainda sobre os valores exorbitantes cobrados pela Embasa. “No mês de novembro a água caiu uma vez nas torneiras, mas o valor cobrado foi de R$ 560,00 para o consumo de 36  mil litros. Isso para dois adultos que passam o dia fora de casa trabalhando e mais três crianças que passam o dia na escola. Outra coisa, não tenho reservatório para acumular essa quantidade de liquido. No mês de dezembro o valor foi superior com a quantidade de 52 metros cúbicos – ou seja, 1 m^3 equivale a 1000 litros – como se eu tivesse reservatório”.

Na cidade é grande os problemas também enfrentados por comerciantes e donos de hotéis. “Há muito tempo os moradores estão reclamando sobre a falta do liquido e agora a autarquia está fazendo com que as pessoas parcelem dividas, dividas essas que não são de água, mas de ar. Os donos de hotéis e comerciantes estão passando por dificuldades, os proprietários devem abastecer seus empreendimentos com água comprada porque não existe condições desses lugares passarem mais de 15 dias sem água. Hoje a pessoa é obrigada a deixar o registro aberto porque a Embasa não avisa quando a água vai chegar, e com isso todo o ar quando passa pelo hidrômetro é medido”.

Os órgãos públicos da cidade também estão sendo afetados pelo problema. “Para alguns lugares, a Embasa abastece através de carro-pipa. O hospital da cidade sofre com a falta de água mesmo tendo um poço artesiano onde a água é usada para fazer limpeza, mas outras unidade na cidade como escolas, creches, centro administrativo da prefeitura, tenho a certeza de que estão passando pelo mesmo processo”.

Durante a administração da ex-prefeita Ítala Maria da Silva Lobo Ribeiro, 2001/2005, o município foi agraciado com uma adutora pelo Governo Federal. Na época, de acordo o projeto, a adutora deveria levar água bruta do São Francisco transportada pela adutora da empresa Caraíba Metais. No meio do caminho, a Embasa se envolveu apresentando projeto  para que o município fosse abastecido com água tratada pela Estação de Tratamento (ETA) da própria empresa Caraíba Metais. “Na época a água era suficiente para atender a população de Uauá, mas a Embasa na ganância por dinheiro passou a abastecer Santa Rosa de Lima, Abóbora e várias comunidades da região de Jaguarari, e com isso o fornecimento de água para Uauá, começou a diminuir. Ainda assim, o sistema passou a abastecer todas as fazendas no percurso da adutora a exemplo de Caldeirãozinho, Santana, Caldeirão da Serra, região da Serra da Canabrava”.

A esperança de novos dias

A construção da adutora da Embasa saindo de Bendego, Canudos, para abastecer Uauá poderá ser a redenção da população. “O projeto começou a ser executado, a obra vai demorar um ano para ser concluída. Eu acredito que a população da cidade terá água o suficiente durante muitos anos. A vazão desse poço é muito boa com a possibilidade de abrir mais dois para melhorar mais ainda a  vida da população”.

Processo na justiça contra Embasa

“Há muito anos, o Ministério Público ingressou com uma Ação Civil Pública justamente pela falta de água nas torneiras e pela medição de ar dos hidrômetros. O tribunal de Justiça condenou a  empresa, mas ela não cumpriu até hoje a determinação. Ela se recusa a cumprir a determinação e a justiça se recusa fazer com que cumpra a decisão. […] Em Uauá nenhuma rede tem extrator de ar, e quando a Embasa deixa de fornecer água, a rede é ocupada por ar. No entanto, esse ar tem que sair em algum lugar e aí é contabilizado pelos hidrômetros das casas. No meu caso, decidi ingressar com ação na justiça contra os danos causados por essa empresa”.

Ainda segundo o advogado, a  população está apostando na chegada da nova promotora que foi nomeada no dia 8 de janeiro, deste ano, pela Procuradoria-Geral de Justiça da Bahia,  Renata Mamede Carneiro Aguiar. Ela é titular da 10ª Promotoria de Justiça de Juazeiro, para exercer, cumulativamente as funções pertinentes ao antecessor no período de 1º/01/2025 a 18/2/2026.

A reportagem tentou contato com a direção da empresa e não conseguiu. O espaço está aberto para que possa se manifestar.

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