Aécio é jogado para as feras por seus companheiros

Foto: Agência Brasil
Abraço de judas

‘Decisão judicial se respeita e lei é para todos’, diz Alckmin sobre Aécio

O presidente do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, Geraldo Alckmin, disse nessa terça-feira (17) que a decisão do Supremo Tribunal Federal de tornar réu o senador Aécio Neves (MG) “precisa ser respeitada” e ressaltou que a “lei é para todos”.

“Não existe Justiça verde, amarela, azul, vermelha, existe Justiça. Decisão judicial se respeita e a lei é para todos, não tem distinção. Claro (que vejo com tristeza), mas ele (Aécio) vai ter oportunidade de se defender”, disse o tucano em evento.

A declaração de Alckmin deu o tom da postura do PSDB em relação ao envolvimento de um dos seus principais quadros em ação que apura suspeita de corrupção e obstrução da Justiça. Senadores tucanos e até deputados do grupo mineiro procuraram dissociar o caso de Aécio, que já foi presidente do PSDB, da conduta geral do partido.

Parlamentares do grupo ligado a Alckmin defendem nos bastidores que Aécio desista de disputar cargo nas eleições deste ano para evitar desgastes à campanha presidencial e à do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) ao governo de Minas Gerais. Aécio estuda concorrer à reeleição.

“Para o conjunto do partido, é melhor (que Aécio não seja candidato). Mas é uma decisão de foro íntimo”, disse ao Estadão/Broadcast o deputado Lobbe Neto (PSDB-SP). Para o deputado João Gualberto (PSDB-BA), o desgaste depende do cargo ao qual Aécio seria candidato. “Se ele for a senador, é uma coisa, se for para deputado federal é outra”, afirmou.

Aliados de Aécio dizem que ele ainda não decidiu o que fazer. “Ele está focado na defesa. A questão da candidatura só vai ser colocada em junho e a decisão será dele”, afirmou o deputado Marcus Pestana (MG), secretário-geral do PSDB.

Descolamento

Antes mesmo do início do julgamento no STF, a narrativa na sede do partido era de que o fato discutido na Corte é de caráter “pessoal”, “particular”, sem relação com o partido. “Temos que separar o público do privado, o partido trata de questões de interesse público. Esse assunto é particular do Aécio, o que nos deixa em situação de dificuldade dada a relação que temos com ele”, disse o senador Roberto Rocha (PSDB-MA).

Aliado de primeiro linha de Aécio, o presidente do PSDB de Minas, o deputado federal Domingos Sávio endossou o ponto de vista. “Era previsível (o resultado do julgamento), mas não é que seja uma coisa natural. Agora é oportunidade dele se defender. A coisa do Aécio está dissociada da política”, afirmou “Aécio queria o melhor para Minas Gerais e já conseguiu isso, agora ele vai cuidar da defesa”.

Vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) disse que a decisão do STF foi um “amadurecimento das instituições e da democracia”. Para o senador, o partido sempre defendeu a independência das investigações e vê com naturalidade as decisões do Judiciário. “Estamos construindo um Brasil onde a lei e a Justiça devem servir para todos. Portanto, é preciso acatar a decisão”, disse ele, ponderando que a investigação não pode ser confundida com a condenação prévia.

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