Agressão à memória histórica

Por Ângelo Castelo Branco

A não inclusão do retrato de Paulo Guedes na Galeria dos ex-ministros da Economia, conforme notas veiculadas nas redes sociais, resgata memórias de um período conturbado da história política brasileira, remetendo ao episódio em que o regime militar retirou o retrato de Miguel Arraes da Galeria dos ex-governadores do Palácio do Campo das Princesas, em Pernambuco.

Ambos os casos destacam a complexa relação entre política e memória histórica, em que divergências ideológicas frequentemente resultam em ações que buscam apagar ou reconfigurar legados.

Coube a Marco Maciel, governador durante a transição para a redemocratização, corrigir essa injustiça e reafirmar a importância do reconhecimento histórico, independentemente de discordâncias políticas. Ele determinou a reposição do retrato de Arraes no lugar que lhe era devido. Essa atitude reflete um compromisso com a preservação da história como um registro plural e imparcial.

A exclusão do retrato de Paulo Guedes, que ocupou a pasta da Economia durante o governo Jair Bolsonaro, suscita reflexões similares. A história recente do Brasil tem demonstrado a necessidade de conciliar memória e crítica.

Governantes como Marco Maciel deram exemplo de como a reconciliação histórica pode ser um instrumento de maturidade política. Negar ou ocultar figuras públicas, ainda que polêmicas, apenas enfraquece a percepção da pluralidade democrática e abre precedentes para que a história seja constantemente reescrita ao sabor de interesses momentâneos.

Portanto, o episódio atual exige reflexão sobre o papel das instituições na preservação da memória nacional. A inclusão ou exclusão de personagens na iconografia oficial deve transcender paixões políticas e se ancorar na valorização da história como patrimônio comum, que deve ser preservado para o entendimento das gerações futuras.

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