Agressor do ator Victor Meyniel é denunciado pelo Ministério Público

Por Extra

O estudante de medicina Yuri de Moura Alexandre, que agrediu o ator Victor Meyniel no último dia 2, em Copacabana, na Zona Sul, foi denunciado à Justiça nesta terça-feira, por lesão corporal, injúria e falsa identidade. O documento foi encaminhado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) à 27ª Vara Criminal da Capital.

De acordo com a denúncia do MP, além de espancar o ator, Yuri o ofendeu utilizando-se de expressões homofóbicas, além de ter afirmado a policiais militares pertencer à Aeronáutica, apesar de não fazer parte dos quadros da instituição.

O promotor do caso relata ainda que o acusado encontrou a vítima em via pública, convidando-a a ir até sua residência. Chegando ao local, os dois começaram a beber e se relacionar de forma mais íntima. Porém, com a chegada de outra pessoa com quem o acusado dividia o apartamento, este alterou seu comportamento, começando a gritar com a vítima e agir de forma agressiva, a empurrando com violência e a colocando para fora do apartamento.

 

Na última sexta (8), a Polícia Civil do Rio de Janeiro já havia indiciado Yuri por todos esses crimes. O caso, então, seguiu para o Ministério Público. No mesmo dia, Victor prestou um novo depoimento, negando que tenha ameaçado o estudante, conforme relatado por uma amiga dele, Karina Carvalho.

Victor e Yuri se conheceram na noite do último dia 1, numa boate próxima ao prédio onde Yuri mora em Copacabana, e foram para o apartamento do estudante. O ator acabou agredido brutalmente na portaria do prédio após um desentendimento entre eles e levou vários socos no rosto. Yuri foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva na última segunda-feira (4).

Victor Meyniel já atuou em “Meus 15 Anos, o filme”, da Netflix, e na série “Queens of Brazil”, do canal TBS. Seu trabalho mais recente nos cinemas foi em “A última festa”. Na próxima sexta (15), ele participará do podcast “Ser artista”, do empresário Marcus Montenegro, contando todos os detalhes do caso.

 

— Eu ia embora, eu estava na portaria para isto, mas ele veio falar comigo. E teve uma hora que quando a gente estava andando pelo hall, ele me empurra. E eu fico mais revoltado ainda pela agressão mínima que seja — conta Victor, que descreve o estopim, o momento em que a discussão passou para a agressão:— Momento que eu falo e indignado completamente, frustrado e com raiva, perguntando porque que ele tinha feito aquilo, se ele não era assumido. Ele viadinho é você, eu não sou.

As imagens mostram que, durante a agressão, o porteiro Gilmar José Agostini olha para frente, bebe café, não interfere. Quase dois minutos depois, ele puxa Victor por um dos braços. Ele prestou depoimento, disse que trabalha no prédio desde 1991, que Victor chegou a desmaiar e que logo após as agressões Yuri foi para a academia. Que após alguns minutos interfonou ao síndico e que não gosta de se meter na vida dos outros. A equipe do Fantástico esteve no prédio e não encontrou o porteiro e também não conseguiu contato por telefone.

— É sobre prestar socorro, é sobre ser empático, humano. Ele chamou o sindico depois de eu ter ligado pro 190 relatou Victor ao Fantástico.

O delegado João Valentim, que investiga o caso, informou que o porteiro foi autuado por omissão de socorro e esse fato é apurado no Juizado especial criminal.

— O que salta aos olhos é a total falta de empatia do ser humano, da atitude do porteiro, não é? disse o delegado, lembrando que Yuri mentiu para os policiais: Ele se apresentou como militar, como médico da Aeronáutica. Ainda afirmou, aos policiais militares que a sua companheira de apartamento era sua mulher — disse o delegado ao Fantástico.

Para a polícia, o depoimento de Karina em nada muda o entendimento sobre a principal motivação do crime de lesão corporal. O delegado que investiga o caso está convencido de que as agressões só aconteceram depois de Victor ter perguntado, na frente do porteiro, se Yuri não era assumidamente gay:

— Um negro, ele pode ser racista e um gay pode ser homofóbico e a sexualidade ela não é aberta para todos. Isso, na visão da polícia civil, então configura sim ato homofóbico. Com 42 socos não há justificativa, toda essa narrativa, ainda que verdadeira fosse, ela não justificaria a lesão. Então, de fato, isso não modifica a apuração da lesão corporal e nós temos, na palavra do Victor, desde o primeiro momento de uma palavra segura, e é importante que a palavra da vítima tenha particular importância nesse tipo de crime — completa o delegado.

Yuri foi preso em flagrante por lesão corporal, falsidade ideológica e injúria por preconceito de natureza homofóbica. Durante a audiência de custódia, a prisão em flagrante foi convertida em prisão preventiva. Agora, o caso passa a ser analisado pelo Ministério Público. Para a defesa de Yuri, o estudante de medicina não é homofóbico.

O advogado de defesa do agressor, o criminalista Lucas Oliveira, disse em um comunicado divulgado à imprensa que a identidade sexual do cliente jamais foi ocultada, se referindo ao fato de Yuri já ter sido casado com uma pessoa do mesmo sexo. E que a identidade sexual de seu cliente estaria sendo apagada, com a justificativa de que ele teria praticado crime de homofobia. Obrigando seu cliente a provar que é gay.

Quanto à acusação de lesão corporal, a nota do advogado não nega a agressão, registrada por uma câmera de segurança, mas diz que “há nos autos do processo exame de corpo de delito realizado por perito oficial que prova que as lesões não geraram incapacidade, perigo de vida ou debilidade permanente”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *