Aliado do PSB até à morte, sem ter sido subserviente

Eduardo Campos conseguiu unir Guilherme Uchoa e Yves Ribeiro na política de Igarassu

Guilherme Uchoa foi um homem público controverso desde que trocou a magistratura pela política nos anos noventa, mas tinha qualidades que o fizeram ser eleito seis vezes consecutivas para presidir a Assembleia Legislativa de Pernambuco. Ele chegou ao cargo a primeira vez quebrando uma tradição da Casa, que era colocar na presidência um representante do partido que tivesse a maior bancada. Esse partido era o PSB e ele pertencia ao PDT, que tinha apenas três deputados. O PSB abriu mão da presidência em seu favor, graças à providencial ajuda do então governador Eduardo Campos, seu principal cabo eleitoral nesta e nas três reeleições seguintes.

Eduardo enxergava nele liderança e capacidade de diálogo com as oposições, conseguindo aprovar com ele na presidência todos os projetos de interesse do seu governo, a maioria dos quais por unanimidade. É certo que uma de suas reeleições foi questionada judicialmente com base em vedação expressa pelo Regimento Interno, mas isso não ofuscou sua liderança na Casa, que o reelegeu mais duas vezes consecutivamente, fazendo dele o presidente mais longevo do parlamento pernambucano nos últimos 50 anos. Se era controverso por um lado, por outro fazia questão de preservar a autonomia do Poder Legislativo e jamais deixou de ser solidário com seus colegas parlamentares, do governo ou da oposição, em qualquer dificuldade em que se encontrassem. Com ele, Eduardo Campos conseguiu tudo o que quis, inclusive colocá-lo num mesmo palanque com Yves Ribeiro, seu histórico adversário em Igarassu durante mais de 30 anos, mas ele jamais foi subserviente ao PSB. (Inaldo Sampaio)

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