Aliados de Marília Arraes pedem expulsão de Oscar Barreto do PT

FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A sigla PT, em especial no Recife, não deixa ninguém morrer de tédio. Há sempre uma confusão nova. Pois bem.

Oscar Barreto, membro do diretório nacional do PT, criticou a ex-candidata Marília Arraes, dizendo que ela já tinha se lançado candidata à governadora em 2022.

Oscar Barreto, ex-secretário de Saneamento de Geraldo Júlio no Recife, falou que o PT (e a candidata) teria que “calçar as sandálias da humildade” e buscar uma união do PT com a Frente Popular em todo o país.

Oscar Barreto chegou a culpar a candidatura de Marília pela derrota do PT nas eleições municipais em todo o país.

Nesta mesma segunda, depois do episódio das sandálias da humildade, correligionários da ex-candidata do PT no Recife Marília Arraes apresentaram um pedido de expulsão de Oscar Barreto, junto à Executiva Nacional do partiro.

A abertura de processo disciplinar pode chegar até a uma expulsão, mas demora. Abre-se um processo disciplinar, com direito de defesa. No mínimo, pode levar dois meses ou mais, se for mesmo posto para frente.

Veja os termos do pedido de expulsão abaixo

À Executiva Nacional do PT

O estatuto do PT afirma no seu CAPÍTULO IV Artigo 242 que no caso de PROCESSO DISCIPLINAR, “a representação deverá ser feita por filiado ou filiada, em petição escrita, motivada e circunstanciada, acompanhada das provas em que se fundar e da indicação do rol de testemunhas, até o limite máximo de 8 (oito), devendo ser dirigida “à Comissão Executiva Nacional, se o denunciado ou denunciada for membro do Diretório Nacional, presidente ou presidenta, vice-presidente ou vice-presidenta da República, ministro ou ministra de Estado ou equivalente”.

É o caso de Oscar Barreto, membro do Diretório Nacional do PT.

O estatuto do Partido diz também, no Art. 227, que “Constituem infrações éticas e disciplinares:

I – a violação às diretrizes programáticas, à ética, à fidelidade, à disciplina e aos deveres partidários ou a outros dispositivos previstos neste Estatuto;

II– o desrespeito à orientação política ou a qualquer deliberação regularmente tomada pelas instâncias competentes do Partido, inclusive pela Bancada a que pertencer o ocupante de cargo legislativo”.

É público e notório que Oscar Barreto desrespeitou e sabotou a decisão adotada pelo DN, referente a tática na eleição de Recife.

O caso mais recente de desrespeito foi entrevista concedida no dia 30/11/2020 à rádio CBN, em que Oscar Barreto afirma que a candidatura do Recife “prejudicou o conjunto da política nacional” e foi uma candidatura “que veio de São Paulo para Recife”.

O áudio da referida entrevista circulou na lista de zap do DN e a indico como a prova exigida pelo estatuto.

No dia seguinte a uma campanha em que Marília Arraes e o PT foram submetidos a ataques violentos, misóginos e de extrema direita, é inaceitável que um dirigente nacional do PT siga perpetrando impunemente este tipo de atitude.

Peço, portanto, a instalação do devido processo disciplinar contra Oscar Barreto.

Saudações petistas

Alberto Cantalice
Patrick Araujo
Luiz Eduardo Greenhalgh
Cícero Balestro
Valter Pomar
Natália Sena

Deliberações sobre cargos

Por aqui, nesta semana, o PT de Pernambuco deverá ser reunir ao longo da semana para decidir o posicionamento em relação ao Governo do Estado após a disputa das eleições municipais.

No Recife, a legenda petista acabou derrotada com Marília Arraes pela candidatura de João Campos (PSB). O prefeito eleito já disse em entrevistas que, em seu governo, “não haverá indicações políticas do PT”.

Os petistas já classificam, nos bastidores, que, com isso, a posição de oposição a João Campos é automática na Câmara de Vereadores do Recife. O PT elegeu três parlamentares: Liana Cirne, Jairo Britto e Osmar Ricardo. Este último é próximo ao PSB, enquanto os outros dois são de oposição.

O PT ocupa cargos na atual gestão do prefeito Geraldo Julio no Recife. Até outubro, o partido comandou a Secretaria de Saneamento do Recife com Oscar Barreto (PT), também da ala petista que defendia aliança com o PSB nas eleições municipais.

No âmbito estadual, o PT comanda a Secretaria de Desenvolvimento Agrário de Pernambuco com Dilson Peixoto e tem cargos nos segundos e terceiro escalão da gestão estadual. O partido participou da coligação de 2018 em que Paulo Câmara (PSB) foi reeleito governador e Humberto Costa foi um dos senadores eleitos, junto com Jarbas Vasconcelos (MDB).

FOTO: FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Após fazer, no primeiro turno, uma campanha propositiva e explorando a imagem da juventude do candidato João Campos, no segundo turno, o tom mudou no discurso do PSB. Largando atrás segundo as pesquisas de intenções de voto, o partido adotou como estratégia o antipetismo na capital, sobretudo no eleitorado conservador e da classe média.

Também houve difusão de panfletos apócrifos em frente a igrejas e templos religiosos com mensagens apontando a candidata Marília Arraes como contrária ao cristianismo e contra a Bíblia. A autoria não foi identificada pela Justiça Eleitoral, mas um juiz eleitoral determinou que a campanha de João Campos se abstivesse de divulgar os materiais e se prontificasse a evitar a sua disseminação pela cidade.

‘Práticas bolsonaristas’

Para a deputada estadual Teresa Leitão (PT), a campanha do PSB no Recife se aproximou de “práticas bolsonaristas”, o que pode levar ao afastamento das legendas no âmbito estadual.

“O PSB propiciou a vitória da negação da política. Isso para um partido que se diz progressista é muito ruim. O PSB ganhou a eleição utilizando as mesmas praticas bolsonaristas, com gabinete do ódio, fake news, machismo, misoginia. O PSB só é o que é porque um dia Lula foi presidente e porque um dia o PT assumiu a presidência da República e deu atenção a seus aliados, como o PSB na época”, disse a parlamentar.

Teresa Leitão defendeu que o PT passe a ser oposição ao governo de Paulo Câmara na Assembleia Legislativa de Pernambuco, onde a legenda tem três parlamentares.

“Defendo duas posições, a entrega imediata dos cargos, se é que existe ainda, no governo municipal e no governo estadual, e um reposicionamento da bancada do PT na Assembleia Legislativa”, disse.

“A agressão e o desrespeito com que João Campos e o PSB trataram o PT e as lideranças petistas extrapolam a convivência politica”, acrescentou Teresa.

Foto: Roberto Soares/Alepe

Para o presidente estadual do PT, deputado estadual Doriel Barros, as críticas do PSB ao partido na campanha do Recife deixaram os petistas “indignados”.

“Vamos sentar para fazer uma avaliação forte e interna sobre como cada um participou desse processo sempre preservando a história e o legado do PT no Recife e para Pernambuco. Evidentemente, esses ataques deixaram todos nós indignados e questionamos essa maneira de João Campos de ataque frontal ao PT, principalmente porque o PT que ajudou aqui em Pernambuco muitas vezes o PSB, inclusive, na eleição de Paulo Câmara. Foram ataques injustos e na política não vale tudo para ganhar a eleição, passou dos limites. Mas vamos fazer uma avaliação interna e conversar com o governador Paulo Câmara também”, disse Doriel.

O presidente do PT em Pernambuco ainda disse que houve divulgação de notícias falsas na eleição do 2º turno no Recife e associou o método ao estilo do presidente Jair Bolsonaro, em sua avaliação.

“Houve fake news, muitas mentiras, houve uma tentativa de trazer a questão da fé, como aconteceu na campanha de Bolsonaro de que o PT era contra a religião e a Bíblia. São métodos utilizados que foram repudiados não só no PT mas por muita gente que acha que a política não deve ser um vale tudo”, afirmou Doriel Barros.

Foto: Roberto Soares/Alepe

(Blog Jamildo Melo)

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