Aluna de curso da PMPE é humilhada e presa por chamar superior de ‘você’

Por Danilo Duarte

Uma soldado (SD) da Polícia Militar de Pernambuco foi presa por desacato por ter se referido a uma Tenente pelo pronome ‘você’. O caso aconteceu durante o 1⁰ curso de policiamento aplicado ao turismo da Companhia Independente de Apoio ao Turista (Ciatur) e foi registrado na Delegacia de Polícia Judiciária Militar (DPJM), no bairro do Derby, Recife-PE, nesta quarta-feira (08).

Segundo apuramos com exclusividade, a SD Flávia Calazans foi humilhada e ameaçada pela aluna 01, Evellyne Cristina Araújo de Lima, que é Tenente da PMPE. Ela exigiu que a SD a tratasse de acordo com a hierarquia da instituição, no entanto, durante a realização do curso, todos os policiais são tratados da mesma forma, independente de hierarquia.

“Os alunos estavam experimentando as camisas do curso e, na condição de aluno, todos se tratam informalmente, mas sem desrespeitar os participantes do curso. Porém, a Tenente Evellyne não entendeu a dinâmica do curso e insultou a SD Flávia, porque a mesma a chamou pelo pronome ‘você’. Então, a Tenente disse, de forma raivosa, que a soldada ‘estava fodida na vida, dentro e fora da policia’, sendo testemunhado por vários alunos do curso”, relatou uma fonte que preferiu não se identificar.

Quartel do Comando Geral da PMPE, onde a ocorrência foi registrada nesta quarta-feira (08)

A Tenente Evellyne chegou a ser autuada em flagrante delito militar, por cometer crime de ameaça, previsto no Art. 223 do Código de Processo Penal Militar (CPM), mas liberada logo em seguida. Já a SD Flávia Calazans foi autuada pelo Art. 160 do CPM, por desrespeitar superior diante de outro militar.

“Ou seja, a SD foi injuriada, humilhada e ameaçada por uma aluna que abusou de sua autoridade de Tenente, apenas por chamá-la pelo pronome ‘você’, e será presa por conta de que? Quem faz as oitivas são oficiais. Será que não foi por corporativismo que mudaram o entendimento? Não é surpresa o motivo do entendimento sendo mudado ao bel prazer”, questiona a fonte.

De acordo com o regimento do curso, “caso o aluno cometa qualquer tipo de transgressão disciplinar (…) que traga risco aos demais alunos ou a equipe de instrução, este será afastado das atividades do curso até a conclusão de apuração sumária, caso confirmada a transgressão ou o ato, o aluno será desligado do curso”.

Flávia Calazans segue presa e aguarda audiência de custódia, marcada para hoje (09). Caso seja condenada, a pena é de detenção de três meses a um ano. Se o fato é praticado contra o comandante da unidade a que pertence o agente, oficial-general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é aumentada da metade.

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