Ana Maria Machado vence o Prêmio Passo Fundo Zaffari & Bourbon
PASSO FUNDO – A escritora Ana Maria Machado venceu a 8ª edição do Prêmio Passo Fundo Zaffari Bourbon de Literatura com o romance “Infâmia” (Alfaguara). No romance, a jornalista narra a reviravolta na vida de um embaixador depois de receber documentos sobre sua filha que foi encontrada morta num contexto misterioso. O resultado do prêmio foi divulgado na noite desta terça-feira (27) na abertura oficial da 15ª Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo. O romance, segundo a autora, se inspira em acusações reais e infundadas que se propagam com velocidade pelos meios eletrônicos, causando prejuízos irreparáveis a seus protagonistas.
No ano passado, “Infâmia” foi pivô de uma crise no Prêmio Jabuti. O jurado Rodrigo Gurgel deu notas zero a 1,5 a cinco dos dez finalistas na edição de 2012, contrariando os dois outros juízes, e acabou interferindo no resultado final do concurso. O vencedor foi o estreante Oscar Nakasato, com “Nihonjin”. O livro de Ana Maria recebeu zero do jurado nos quesitos enredo e construção dos personagens e 0,5 na categoria estilo. O romance havia sido o segundo mais votado na fase inicial do concurso, com cinco notas 10 e uma 9,5. Depois do episódio, o critério de julgamento foi alterado.
Carioca de Santa Teresa, 71 anos, exerceu o jornalismo, o magistério e a pintura antes de se dedicar à literatura. Em 2003, foi eleita para ocupar a cadeira número 1 da Academia Brasileira de Letras no lugar de Evandro Lins e Silva. Autora principalmente de livros infantis, Ana Maria Machado tem mais de 100 obras publicadas no Brasil e em 18 países e mais de 19 milhões de exemplares vendidos. Em 2001, ganhou o prêmio Machado de Assis pelo conjunto da obra.
O prêmio Zaffari Bourbon destina R$ 150 mil à melhor narrativa em língua portuguesa editada nos países lusófonos. Ao todo, a edição deste ano recebeu 326 livros inscritos publicados entre 2011 e 2013. A comissão julgadora foi formada pelas professoras Regina Zilberman, Neide Maria de Souza (UFMG) e Beatriz Resende (UFRJ) e pelos escritores José Castello e Ignácio de Loyola Brandão.
– Não foi fácil, mas desempenhamos a tarefa com muita satisfação. – disse a presidente do júri, Regina Zilberman.
Surpresa, a autora agradeceu aos leitores, à comissão julgadora e aos criadores do prêmio e prometeu “falar mais” no dia seguinte.
Além de “Infâmia”, também concorreram ao prêmio os romances “A Noite das Mulheres Cantoras”, de Lídia Jorge, “Barba Ensopada de Sangue”, de Daniel Galera, “Domingos Sem Deus”, de Luiz Ruffato, “Habitante Irreal”, de Paulo Scott, “Lívia e o Cemitério Africano”, de Alberto Martins, “O Céu dos Suicidas”, de Ricardo Lísias, “O Que os Cegos Estão Sonhando”, de Noemi Jaffe, “Solidão Continental” , de João Gilberto Noll, e “Uma/Duas”, de Eliane
Fonte: O Globo