Analistas se dividem quanto a resultado do PIB
O bom resultado do Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre do ano, divulgado nesta sexta-feira, 30, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), não é suficiente para indicar uma recuperação robusta, avalia o economista do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV) Vinícius Botelho. “Na verdade, são muito poucos os indicadores favoráveis para o terceiro trimestre. O resultado de hoje não revisa as nossas expectativas para frente positivamente, é pontual”, afirmou. A instituição projeta crescimento de 2% do PIB no fechamento do ano.
O Ibre trabalhava com alta de 0,6% no segundo trimestre na margem, mas a alta foi de 1,5%. Para Botelho, a surpresa veio do setor de serviços, que cresceu 0,8% na mesma base de comparação, ante previsão de 0,4% da instituição. “É difícil fazer projeções para esse setor, temos poucos indicadores”, afirmou, lembrando que o peso do setor de serviços no PIB é de “quase 60%”.
Segundo o economista, há indicadores que apontam para uma produção industrial de julho negativa e dados setoriais ruins fazem com que o Ibre tenha “dificuldade de encarar o resultado do segundo trimestre como uma recuperação robusta”.
A alta de Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), de 3,6% na margem e de 6% no semestre, é consequência de incentivos governamentais como o Programa para Sustentação do Investimento (PSI), de acordo com Botelho. “Alguns incentivos governamentais estão favorecendo esse resultado e a indústria de caminhões está devolvendo o resultado muito baixo do ano passado”, observou. ( –
‘Número forte’
Na avaliação do economista-chefe do Banco ABC Brasil, Luis Otavio de Souza Leal, o crescimento de 1,5% equivale a uma taxa anualizada de 6,1% e “é um número forte”. “A surpresa foi o dado da exportação”, disse. “Depois de dois trimestres contribuindo negativamente, foi o primeiro que contribuiu positivamente, então isso é uma boa notícia”, acrescentou.
Souza Leal também ressaltou o resultado dos investimentos, ainda que o crescimento de 3,6% da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) tenha sido menor do que o registrado no primeiro trimestre (4,6%, também na margem). “No lado da oferta, a surpresa veio da agricultura, mais forte do que estávamos esperando”, afirmou ele, referindo-se à alta de 3,9% do PIB da agropecuária.
“O terceiro trimestre será fraco”, ponderou Souza Leal, lembrando que dados preliminares mostram queda da produção industrial em julho e recuperação em agosto. “A sensação que deu, pelos indicadores de confiança, é de que a economia deu uma travada em julho e isso vai se refletir em agosto em setembro. No entanto, eu não acredito em PIB negativo, mas próximo de zero (no terceiro trimestre)”, disse. (Beatriz Bulla, Renata Pedini/Agência Estado)