Antes de Zé, depois de Zé: Técnico deixou marca ofensiva no Fla, e ajeita defesa do Vasco

Treino do Flamengo
Treino do Flamengo Foto: Gilvan de Souza
Bruno Marinho e Diogo Dantas

Zé Ricardo deixou sua marca no Flamengo em pouco mais de um ano. Hoje, estará do lado do rival, no confronto de 19h no Maracanã, pelo Brasileiro. A saída por pressão da torcida rubro-negra interrompeu um trabalho que não cresceu conforme o elenco se qualificou. De 2016 para 2017, a chegada de reforços criou expectativas e aumentou a cobrança por um desempenho imediato. Não houve paciência. A chegada de Rueda amenizou a pressão, inicialmente. Mas os problemas enfrentados antes e depois da saída de Zé Ricardo ainda são parecidos.

— O que tentamos no Flamengo foi satisfatório. Buscar o jogo para frente. Mas hoje eles têm um grande treinador, currículo fala por si. Tem valores de vida semelhantes aos meus. Como adversários, vamos confrontar as estratégias — disse Zé.

Com o atual treinador do Vasco, o Flamengo viveu a sua melhor fase do meio para o fim da temporada passada, com Diego no comando do meio-campo e Guerrero no ataque. Na questão tática, Zé Ricardo prendia Márcio Araújo e dava liberdade aos laterais. Depois da saída do treinador, isso mudou. O Flamengo ficou mais seguro na defesa com laterais presos e ganhou em saída de bola com Cuéllar. Para Rueda, Zé Ricardo conhece tanto o Flamengo quanto o time o conhece.

— Ele tem conhecimento sobre as características dos jogadores, mas é bilateral, pelos jogadores que ajudou a formar, que promoveu e que chegaram. Acontece nas duas direções — pontuou Rueda, que não resolveu o problema ofensivo. Há menos apoio e jogadores de frente sobrecarregados no esquema adotado hoje.

Fora de campo, a continuidade de Zé Ricardo se deu em meio a um processo de qualificação do departamento de futebol, com um conceito multidisciplinar de comando entre a comissão técnica. As informações fluíam de forma mais fácil para a tomada de decisão final sobre os atletas. A saída do jovem treinador interrompeu um pouco esse processo, já que Rueda chegou com dois auxiliares e fez alguns ajustes.

O clube, na prática, mantém sua filosofia, mas agora a palavra final é do colombiano, que tem um currículo vasto em clubes e seleções. Há, na Gávea, opiniões distintas sobre o momento em que Zé Ricardo teria dado toda a contribuição possível, e que Rueda seria o próximo passo de um processo de modernização do futebol.

A diretoria agora pede mais tempo para que este processo se consolide em um projeto de hegemonia na América do Sul que passa pela presença constante na Libertadores, competição que Zé Ricardo disputou pela primeira vez este ano e foi eliminado de forma precoce. A gratidão, no fim, ficou.

— Todos sabem da gratidão que eu tenho ao Flamengo. Trabalhei lá por 15 anos. Mas respeito o Vasco, sua torcida. Faremos de tudo para conseguir a vitória no Maracanã – disse Zé.

No Vasco, tom harmonioso para voos maiores

Zé Ricardo chegou ao Vasco como a antítese de Milton Mendes. O estilo extravagante do ex-lateral-direito foi trocado por o de um treinador cuja discrição chega a impressionar. Os ternos à beira do campo deram lugar ao uniforme de comissão técnica. Os atritos no relacionamento com o elenco também saíram de cena para o tom mais harmonioso na instrução, na cobrança sobre os jogadores.

Vê-lo sorrindo é difícil, mas não é que não esteja insatisfeito com algo. Talvez seja porque sabe o quanto precisava ser feito para o Vasco ter um fim de ano mais tranquilo. Seu maior feito até agora foi ter corrigido o sistema defensivo da equipe. Antes de assumir, o time de São Januário tinha a segunda defesa mais vazada do Campeonato Brasileiro. Atualmente, há oito times que sofreram mais gols que ele na Série A.

Está tudo conectado, desempenho em campo com o ambiente fora dele. O Vasco, dentro das limitações, cresceu depois da chegada do treinador. Os mesmos jogadores passaram a ter desempenho diferente.

— Precisamos manter esse ritmo de evolução. Temos um objetivo claro que é uma vaga na Libertadores.

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