Após 24 horas, rebelião é encerrada no Conjunto Penal de Juazeiro
Da Redação
A rebelião que acontecia desde as 7h de segunda-feira (19), no Conjunto Penal de Juazeiro, cidade na região norte da Bahia, terminou na manhã desta terça (20), segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização do Estado da Bahia (Seap). De acordo o comandante do policiamento na área onde fica a penitenciária, major Yulo Lins, os detentos se renderam após observarem o reforço policial que chegou ao local.
“Desde ontem foi feito um trabalho com reforço do policiamento. Transcorreu tudo em paz, não houve necessidade de usar força, armas, nada. Houve o isolamento do local e após a demonstração de força o movimento foi encerrado”, afirma o major.
O major informou ainda que sete presos que foram feitos reféns pelos rebelados ficaram feridos, mas sem gravidade. “Foi provocado por eles mesmo, dois foram medicados na própria unidade prisional e os outros cinco foram levados para hospitais por precaução, para passarem por exames”, diz.
Segundo a Seap, os presos destruíram celas, quebraram grades, paredes e cadeados, além de queimarem colchões da unidade prisional. “A ala [B] onde ficavam 287 presos foi completamente destruída, com capacidade de ocupação zero. Agora avaliamos a possibilidade de transferência, estamos na fase de triagem, entrando em contato com o Ministério Público e o poder judiciário”, completa major Yulo.
A estimativa da Seap é de que a Ala B do conjunto penal seja recuperada dentro de um mês. Um inquérito foi instaurado para apurar os responsáveis pelo motim.
Familiares
Pelo menos 15 viaturas da Polícia Militar, sendo que uma delas é do Batalhao de Choque, além de duas ambulâncias do Samu e um carro do Corpo de Bombeiros participaram das ações nas dependências internas do Conjunto Penal.
Preocupados, os familiares dos detentos passaram a noite aguardando informações sobre o que acontecia dentro do conjunto. “Praticamente a gente não conseguiu dormir, a gente passou a noite sempre olhando, vigiando quem entrava e quem saía, pra saber se tinha saído com alguém doente, pra saber o que está acontecendo e correndo para o muro para ver se eles estavam tocando fogo ainda, porque era o aviso que nós tinhamos. Então a gente estava aqui com medo”, relata Dona Ângela, esposa de um dos presos.
Tentativa de negociação
Na tarde de segunda-feira, o juiz da vara de Execuções Penais de Juazeiro, Roberto Paranhos, chegou ao presídio para acompanhar a situação. O diretor do presídio, Manoel Thadeu, e o comandante de policiamento na região norte do estado, coronel Lira, tentavam compreender os detentos para chegar a um acordo.
“Eles [presos] não abriram nenhum caminho de negociação até agora. Não dizem o que querem, não apontam nada. Há reféns e há feridos entre eles, mas não sabemos a gravidade. Não há informação de óbito até o momento”, afirmou Manoel Thadeu por volta das 21h30.
Ainda na manhã de segunda-feira, o coronel Lira informou ao G1 que a rebelião havia começado quando um preso foi transferido do setor B para o A.
Em alguns momentos do dia foi possível avistar do lado de fora uma fumaça escura que saía de dentro do conjunto penal.
Segundo a diretoria, a capacidade do conjunto penal é para 300 homens e 48 mulheres, mas abriga mais de 600 pessoas.
Informações do G1 BA.