Após ser presa em flagrante, jornalista acusada de injúria racial no Fuzuê responde em liberdade
Mulher está proibida de frequentar festas de rua, de largo e bares
Mulher tem 72 anos e agrediu verbalmente uma policial negra Crédito: TV Bahia / Reprodução
A jornalista presa em flagrante por injúria racial no último sábado (3), no Fuzuê, foi solta nesta segunda-feira (5) após audiência de custódia e vai responder ao processo em liberdade provisória. A mulher foi identificada como Rosane Maria de Souza Silva. Ela tem 73 anos e mora na Barra, bairro nobre de Salvador.
Na decisão judicial, também estão previstas medidas cautelares. São elas: compromisso de comparecer a todos os atos processuais e manter seu endereço atualizado. Comparecimento bimestral em Juízo, pelo período de um ano, podendo ser prorrogado, proibição de frequentar festas de rua, de largo, bares e similares e recolhimento domiciliar noturno, das 18h às 6h, inclusive finais de semana e feriados.
Se a jornalista deixar de cumprir os termos das condições impostas, sem motivo justo, vai perder o benefício da liberdade provisória e voltará a ser presa por força do flagrante delito.
Ainda de acordo com a decisão, a investigada não possui antecedentes criminais ou ação penal em seu desfavor.
No interrogatório, a jornalista negou a prática do crime, mas confirmou que fez uma brincadeira dizendo que não tinha chegado no navio negreiro.
A reportagem entrou em contato com o advogado da suspeita, Lucas Lima da Silva, para saber em quais jornais a mulher trabalhou e mais detalhes da versão apresentada, mas não recebeu retorno até a última atualização desta matéria.
Relembre o caso
A jornalista foi autuada em flagrante por crime de injúria racial, no Posto da Polícia Civil, localizado na Marque de Leão, durante o evento pré-carnavalesco Fuzuê, na Barra, na tarde de sábado (3). A autora insultou e agrediu verbalmente uma policial militar, quando se negou a ser abordada por conta da PM ser uma mulher negra.
Conforme apurado pela Polícia Civil no posto, a mulher conduzida por policiais militares se negou a parar no portal de abordagem da PM e declarou que “Não veio do navio negreiro para ser revistada por uma negra” e acrescentou outros insultos contra a vítima. A delegada responsável pela lavratura do flagrante, Marialda Santos, informou que a autora não demonstrou arrependimento. “Apesar de desconversar, ela manteve o discurso racista”, informou.
A Polícia Civil disponibilizará serviços especializados para o atendimento as vítimas de racismo e demais públicos vulnerabilizados nos postos de Serviço Especializado de Respeito a Grupos Vulnerabilizados e Vítimas de Intolerância e Racismo (Servvir), instalados nos circuitos Dodô e Osmar.
Em 11 de janeiro de 2023 foi publicada a Lei 14.532/2023, que equipara a injúria racial ao crime de racismo. Com isso, a pena tornou-se mais severa com reclusão de dois a cinco anos, além de multa, não cabe mais fiança e o crime é imprescritível.
Fonte: Correio