Aras tentou proteger Meyer Nigri no inquérito sobre fake news e ataques à democracia

Procurador-geral da República é ligado ao empresário que pretendia legalizar cassinos no Brasil com o apoio de Jair Bolsonaro

Meyer Nigri e Augusto Aras
Meyer Nigri e Augusto Aras (Foto: Reprodução | ABR)

Novos desdobramentos no caso envolvendo o empresário Meyer Nigri e a Procuradoria-Geral da República (PGR) trazem à tona revelações surpreendentes sobre tentativas de obstrução da investigação. Mensagens obtidas pela Polícia Federal (PF) indicam que o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, teria tentado barrar um inquérito após solicitação do empresário, levantando questões sobre interferência indevida no sistema de justiça, segundo revela reportagem do jornalista Aguirre Talento, do Uol. Meyer Nigri, dono da Tecnisa, foi um dos primeiros apoiadores de Jair Bolsonaro e um dos responsáveis pela indicação de Aras à PGR. Com Bolsonaro no poder, ele pretendia legalizar os cassinos no Brasil.

Após a PF deflagrar uma operação contra Meyer Nigri sem conhecimento prévio da PGR, o órgão teria supostamente tentado enterrar a operação e anular suas provas. A vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, apresentou um recurso ao Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de setembro, solicitando a anulação das buscas contra os empresários e o trancamento do caso. No entanto, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, rejeitou o pedido.

No dia 20 de setembro, Lindôra Araújo se manifestou novamente contra o compartilhamento das provas do caso com o STF, em mais uma tentativa aparente de barrar a investigação em curso.

Mensagens trocadas entre Meyer Nigri e Antônio Rios Niko Palhares, um assessor da PGR, revelam um contato frequente e preocupante entre o empresário e o órgão responsável pela aplicação da lei. Além disso, as mensagens também apontam o compartilhamento de informações falsas de teor bolsonarista entre eles.

Em um momento específico, durante uma viagem de Nigri a Brasília, Palhares ofereceu-se para buscá-lo no hotel utilizando o carro oficial da PGR. Contudo, o empresário expressou preocupação quanto a possíveis problemas decorrentes dessa ação.

De forma ainda mais intrigante, Palhares também agendou uma reunião entre Meyer Nigri e a vice-procuradora-geral Lindôra Araújo. Essa reunião, que ocorreu em abril de 2022, torna-se relevante, visto que o empresário havia tentado se encontrar com o Procurador-Geral da República, Augusto Aras, durante sua visita a Brasília. Entretanto, Aras estava fora do país em uma viagem no momento.

Em uma mensagem de áudio enviada em 17 de abril de 2022 a Meyer Nigri, Antônio Palhares, assessor da PGR, mencionou: “Estava para conversar com o senhor para ver a sua agenda. Porque tem um convite para o senhor comparecer à PGR, com a procuradora em exercício, doutora Lindôra. E o PGR, seu Augusto, me mandou uma mensagem ontem dizendo para ver a sua agenda como está, para mim poder marcar com doutor André, que é o secretário do doutor Augusto.”

Essas revelações levantam sérias questões sobre a independência e imparcialidade do sistema de justiça brasileiro, uma vez que aparentemente há tentativas de influenciar e obstruir investigações em curso. O caso continua a ser acompanhado de perto pela sociedade e pelo sistema judicial brasileiro, à medida que mais informações vêm à tona.

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