Argentina: professores fazem nova paralisação e vão às ruas de Buenos Aires por melhores salários

Docentes se mobilizam desde o início do ano por aumento salarial acima da inflação, que chegou a 41% em 2016; governo da capital argentina ofereceu 19%, valor ‘insustentável’, segundo UTE (União dos Trabalhadores da Educação)

Professores da cidade de Buenos Aires realizam nesta terça-feira (11/07) uma paralisação de 24 horas e uma marcha na capital argentina em rechaço à oferta de aumento salarial abaixo da inflação feita pela prefeitura.

A administração de Horacio Rodríguez Larreta ofereceu 19% de aumento, abaixo dos 27% oferecidos pelo governo da província aos professores e dos 25% oferecidos pelo governo federal aos docentes universitários. Em 2016, a inflação na Argentina foi de 41%.

“O teto de 19% do governo portenho é insustentável”, afirmou Eduardo López, secretário-geral da UTE (União dos Trabalhadores da Educação), ressaltando que se trata de um dos piores acordos salariais do país. Para ele, “30% seria um valor coerente”.

Nesta manhã, o prefeito Larreta reconheceu que “a inflação está sendo mais alta do que o previsto” e disse que convocará os sindicatos para uma reunião nesta quinta-feira (13/07), quando lhes fará “uma proposta igual à da província” de Buenos Aires. “Estamos ajustando nossa proposta, porque a inflação está sendo um pouco mais alta”, disse o prefeito ao Canal 26.

Twitter Eduardo López

Marcha de professores em Buenos Aires nesta terça-feira (11/07)

“Há 122 dias o governo não convoca os docentes à mesa salarial. Temos nos mobilizado fora do horário de aulas, fizemos pedidos formais para que o governo convoque [uma reunião com os docentes] e não o fizeram. Fazem a convocatória uma vez que anunciamos uma medida de força. Esta não é uma responsabilidade dos professores, mas sim do governo”, afirmou Jorge Adaro, do grêmio docente Ademys, ao jornal Página/12.

Os professores também exigem uma convenção paritária nacional, para que seja fixado um piso salarial docente em todo o país, como estabelece a Lei de Financiamento Educativo argentina.

A secretária da Educação de Buenos Aires, Soledad Acuña, afirmou que o dia de hoje será descontado do salário dos professores que aderiram à paralisação – cerca de 90% dos docentes da capital argentina, segundo os sindicatos, que disseram que vão à Justiça contra o desconto imposto pela prefeitura.

O salário base de docentes da cidade de Buenos Aires está em torno de 11 mil pesos argentinos, cerca de R$2.100. Professores argentinos têm realizado paralisações e ido às ruas de várias cidades do país desde o início do ano letivo reivindicando o piso salarial nacional com aumento de 35% do valor atual, que tem sido negado pelo governo de Mauricio Macri.

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