Armando evitou passar recibo

Opinião

Desde que indicou o empresário Fred Loyo para a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico sem êxito, o ex-senador Armando Monteiro Neto, na então condição de uma das principais lideranças tucanas no Estado que contribuíram fortemente para eleição da governadora Raquel Lyra (PSDB), se recolheu. Optou por um silêncio que despertou as atenções da mídia e dos formadores de opinião em geral.

Na última sexta-feira, numa entrevista à rádio JC, rompeu o silêncio, mas não passou recibo da sua insatisfação. Não avaliou a gestão estadual. Quando indagado sobre os motivos de desistir do PSDB, legenda em frangalhos não apenas no Estado, mas no plano nacional, disse que a governadora não teve tempo para cuidar do partido por causa das atribuições como gestora.

Saiu pela tangente, claro, para não ferir suscetibilidades. Sabe Armando que os motivos da legenda tucana chegar ao fundo do poço vão mais além. Governar o Estado e cuidar dos interesses de um partido são tarefas conflitantes, quase impossíveis. Mas Eduardo Campos foi governador por dois mandatos, delegou a função de dirigente partidário a gente da sua confiança e o PSB nunca cresceu tanto no Estado.

Raquel, na verdade, deve muito a Armando. E não pode reclamar de deslealdade. Foi o ex-senador quem criou, literalmente, a candidatura dela ao Governo do Estado contra a vontade e interesses da família, especialmente o pai, o ex-governador João Lyra Neto, que se comportou o tempo todo contra a ideia de a filha renunciar à Prefeitura de Caruaru, achando ser uma tremenda aventura.

Armando foi mais além. Deu régua e compasso para vê-la chegar ao Palácio do Campo das Princesas, quando abriu mão de presidir o PSDB no Estado. Dirigente tucana, Raquel ganhou visibilidade, já que não tinha mais o comando da Prefeitura. No plano nacional, criou uma liga com as principais lideranças tucanas, entre elas o senador cearense Tasso Jereissati, que contribuiu financeiramente com a campanha da aliada em Pernambuco.

O que se diz é que toda logística da campanha de Raquel foi obra de Armando pelo trânsito nacional que conquistou como presidente da Confederação Nacional da Indústria, a quem ainda hoje presta consultoria, como senador da República e ministro de Estado. Armando se engajou na campanha de corpo e alma, porque enxergou na aliada potencial eleitoral para pôr fim ao reinado do PSB no Estado.

O socialismo foi extirpado, mas Raquel governa bem longe de Armando, o verdadeiro padrinho da sua ascensão ao poder estadual.

Bateu fofo – Confirmada a vitória de Raquel no segundo turno contra Marília Arraes, quando procurado pela governadora na montagem da sua equipe, Armando só fez um pedido: Fred Loyo, empresário arrojado e empreendedor, para ocupar a pasta de Desenvolvimento Econômico, a quem Suape está atrelada. Mas Raquel bateu fofo. Desapontado, o ex-senador sequer foi à posse da governadora, preferindo passar as festas de fim de ano em Portugal.

Por: Magno Martins

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