Artigo: Geração de empregos – um desafio para o futuro
O desejo que temos de ver a nossa cidade em progresso efetivo em todos os setores, de forma contínua e consistente nos leva a vibrar com notícias que destacam Juazeiro no cenário nacional.
No dia 11 de junho de 2015, a ASCOM do Município fez divulgar nota dando conta que Juazeiro liderava a geração de empregos no Nordeste, reproduzo fala atribuída ao Prefeito: “‘É fruto das relações que buscamos fazer. Nós temos um grande número de obras junto com os governos do Estado e Federal, e com a iniciativa privada, que voltou a acreditar no nosso município’, comemorou Carvalho”.
No dia 27 de julho de 2015, o Bahia Notícias, site da Capital, reproduz notícia que CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) aponta Juazeiro como a cidade que mais emprega no estado e no Nordeste. No último dia 04 de outubro, o mesmo Bahia Notícias reproduz coluna do Jornal A Tarde, trazendo informação que Juazeiro é a segunda cidade em geração de empregos no País, com 4.268 postos de trabalho, segundo o CAGED.
Diante de tais notícias e da quantidade de amigos e pessoas próximas desempregadas, reclamando da falta de emprego, e ainda pela situação crítica do país que já acumula milhões de desempregados, deixei a comemoração e fui verificar o que dizem os números do CAGED.
Basta abrir períodos sem a referida contratação, com as demissões, aí se percebe a perda de postos de trabalho.
Todos sabemos a origem desses postos de trabalho, em sua maioria na contratação sazonal, sobretudo de uma grande empresa local, mas aqui abra-se um parêntese para ressaltar que no mesmo período do ano passado tínhamos um acumulado positivo de 4.496 postos de trabalho positivos.
Em relação ao ano de 2014, por exemplo, perdemos mais de 200 postos de trabalho.
Agora, o mais importante: dos 4.268 postos de trabalhos positivos acumulados em 2015, o número de 2.011 postos tem origem na administração pública, alguém pode explicar onde são estes?
Se deixarmos os 2.011 postos da administração pública, mais os empregos do setor agropecuário, o saldo de empregos se aproxima de zero.
Por outro lado, o setor se serviços, comércio e construção civil, pontuou negativamente com quase 1.500 desempregados, são dados assustadores apontados pelo CAGED.
Será que a leitura real autoriza gasto de dinheiro com outdoors pela Cidade, uma solenidade de inauguração, ou ainda uma avalanche de comerciais em rádio e televisão? A leitura do cenário é típica de crise, com índices positivos escorados na contratação sazonal e em cargos na administração pública.
No Brasil tem se tornado lugar comum utilizar-se de estatísticas para promover palanques, sem a análise necessária dos dados, para uma melhor percepção do presente, com as medidas efetivas para assegurar um futuro melhor.
É preciso pensar o futuro!
Não esqueçamos que esse ano fazemos 30 anos da primeira Festa do Melão, 29 anos de FENAGRI, e para comemorar o que foi feito? Acabou! Por falta de competência e articulação, a nossa cidade perdeu o evento com a suas rodadas de negócios, o novo pacto anunciado nos diz que faremos a feira apenas uma vez a cada 04 anos, agora só em 2018. Contudo, registro aqui que não tem faltado recursos para o Carnaval do ano da eleição, em 2016, já anunciado recentemente em toda imprensa.
O Curtume Campelo que já foi responsável por milhares de postos de trabalho, sendo o 4º maior do Brasil, 2º maior gerador de empregos da região, que já teve escritórios na China, Japão e Itália, agora, sobre o controle da JBS (conhecida no BNDES, grande doadora da campanha da Presidente Dilma), conta com cerca de 20 empregados, sem que nenhuma ação do Poder Público seja conhecida para evitar a perda de tantos postos.
Os arranjos produtivos da microeconomia, o potencial inexplorado dos produtos orgânicos, um polo têxtil, calçadista, a revitalização de espaços turísticos, o fortalecimento estrutural do comércio, a organização da prestação de serviços, a instalação de um terminal logístico, são desafios reais para a nossa Cidade.
Márcio Jandir
Advogado e Vice Presidente do Democratas.