Assim como a Pilar de ‘Amor à vida’, mulheres superam o luto da separação
Pilar (Susana Vieira) amava César (Antonio Fagundes), que amava Aline (Vanessa Giácomo), que não vem ao caso. Mulher madura, após encarar uma traição, a ricaça de “Amor à vida” penou ao se separar do homem ao qual dedicou a vida. Mas, assim como no poema “Quadrilha”, de Drummond de Andrade, adaptado no início desse parágrafo e que termina com “Lili casou com J. Pinto Fernandes — até então desconhecido na história —, o fim do casamento da loura criou um novo enredo para a vida dela. Após ter um romance com o doutor Jacques (Julio Rocha), Pilar já está flertando com outro bonitão, o motorista Maciel (Kiko Pissolato).
— Antigamente, mulher separada era vista como alguém indigno de viver em sociedade, mas hoje a separação é algo totalmente plausível e às vezes até necessário. Depois que a separada assume isso na vida, ela passa a desfrutar de tudo o que se privou e, sem ansiedade, reescreve sua história de forma até mais prazerosa — explica o psicólogo Breno Rosostolato.
Mariana Sardinha, de 38 anos, fez exatamente assim:
— Vi que aquela história não era para mim. Por que eu iria ficar presa? Sabia que podia ser muito mais feliz — conta a moradora do Cosme Velho, que ficou um ano sozinha, mas depois sacudiu a poeira, deu a volta por cima e já teve dois namorados. Veja aqui os novos enredos de outras guerreias que também viraram a página.
Dica do especialista:
O psicólogo Breno Rosostolato cita a escritora francesa Simone de Beauvoir para inspirar as mulheres a se redescobrirem após a separação: “‘Não vale a pena pagar qualquer preço para viver ao lado de uma pessoa’. É natural que se sintam solitárias, abandonadas ou rejeitadas e que se perguntem: ‘quem vai se interessar por mim?’. A mulher deve fazer coisas das quais se privava antes. Viagens, amizades… O negócio é erguer a cabeça e olhar para frente. Quem olha para baixo não percebe quem está ao seu redor, que pode ser um homem interessante. Se estiver feliz com ela mesmo, fatalmente ela vai atrair alguém”.
Confira os depoimentos:
Mariana Sardinha, assistente de fotografia, 38 anos
“Descobri uma traição e perdoei, mas perdi o tesão na relação. Fiquei mais dois anos com ele, e essa mulher me infernizava, ligava para dizer, por exemplo, que eu ia ficar careca, pois a beleza não ia segurar o casamento. Sabia que aquela história não era para mim, que eu podia ser feliz. Eu estava tão perdida que pegava um circular e ficava o dia inteiro andando dentro do ônibus, porque não sabia o que eu ia fazer. Tinha parado de trabalhar para cuidar do meu filho, que era pequeno.
Com a separação (em 2008), que foi muito dolorida, fiquei um ano sem me relacionar. Tinha medo de ficar sozinha. Mas, depois, comecei a sair e me divertir. Ficava com um, com outro, e já tive dois namorados!Hoje em dia, eu sou muito melhor, nem se compara. Era muito bobinha, achava tudo cor de rosa. Aí você me pergunta: quer casar de novo? Não quero. Quero ter um companheiro, mas morar na mesma casa? Não. Acho chato!”
Tânia Maria da Silva, manicure, 47 anos
“Depois de 17 anos casada, soube que ele estava com uma mulher mais nova. Eu me sentia a pior das pessoas, porque, além de ela ser jovem, todo mundo já sabia no bairro. Sabe quando você passa na rua e as pessoas te olham com pena? Quando chegava o fim de semana, eu ia para a casa da minha mãe para não ter que conviver com aquilo. Lá, eu comecei a sair à noite para não ficar chorando e me perguntando: “Deus, por que eu gosto desse cara que não me merece?”. Comecei a me cuidar, me arrumar, emagreci dez quilos. Foi numa dessas saídas que conheci o Robson, que é cinco anos mais novo que eu e me faz bem. Estou num momento ótimo”.
Wilzinha Rosário, astróloga, 47 anos
“Sou descomplicada e acredito que não há receita. Eu me separei do primeiro casamento aos 26 anos e então sofri um acidente que me deixou paraplégica. Tanto a separação quanto o acidente me trouxeram muito sofrimento, mas nunca tive medo de viver, nem imaginava que fosse ficar sozinha. As coisas aconteceram naturalmente. É obvio que a solidão dói, mas eu não fiquei procurando namorado. Dois anos depois de me separar, conheci um novo homem, cinco anos mais novo, e ficamos 11 anos juntos. Então nos separamos e fiquei algum tempo sozinha. Aí um novo amor surgiu, um homem 20 anos mais novo que eu. Agora, estou solteira e não estou procurando ninguém, mas outra pessoa pode me encantar. Acredito que a mulher precisa tentar ser feliz de qualquer maneira e que deve se lembrar que atualmente a forma de se relacionar pode ser diferente da época em que ela se casou”.
Fonte: Extra