Autor espírita destaca a importância do respeito por todas as religiões

Ricardo Ribeiro Alves traz para livro personagens espíritas, evangélicos, católicos, ateus e agnósticos e promove a diversidade de crenças

O professor universitário Ricardo Ribeiro Alves, apesar de ter sido criado em uma família católica, sempre simpatizou com o espiritismo. Mas, somente com 20 anos, quando já estava na universidade descobriu que as “ideias espíritas” da adolescência, na verdade, estavam ligadas à doutrina espírita.

Ricardo construiu uma narrativa capaz de envolver pessoas adeptas desse grupo religioso ou não. No primeiro volume da trilogia espírita Repercussões de outrora: a janela do castelo, o leitor acompanha a trajetória de personagens históricos que reencarnam nos dias atuais envolvidos em uma trama de roubos, trapaças, traições, assassinatos, histórias de amor e de ódio.

A trilogia é espírita, mas destaca também a importância e o respeito que se deve ter por todas religiões e também por aqueles que não acreditam em nada. Por isso, na obra há personagens espíritas, evangélicos, católicos, ateus, agnósticos, etc. E não necessariamente eles abandonam a sua fé (ou falta dela). Assim como ocorre na vida real”, explica o professor.

Mais detalhes sobre a trajetória do autor e sobre suas inspirações para compor a ficção, você confere na entrevista abaixo.

Como foi a pesquisa para construir a narrativa do livro, sobretudo, dos personagens na segunda metade do século 18?

Lyon, Paris, Roma, Vaticano e Rio de Janeiro são alguns dos locais em que se passa a história do livro e são cidades que eu já conheço. Isso facilitou a ambientação. Também fiz pesquisas relacionadas aos locais no século 18. Por exemplo, nesta época o Anfiteatro Romano de Lyon estava sob escombros, somente sendo descoberto em escavações arqueológicas no século 20. Os personagens do passado dialogam próximo do anfiteatro, mas não sabem que ele existe. O leitor, no entanto, sabe. Em relação especificamente à construção dos personagens, quase a totalidade deles surgiram “naturalmente’, à medida em que a história foi sendo escrita. O mais difícil, realmente, foi escrever as três primeiras páginas. Depois tudo fluiu naturalmente, parecia que a história vinha até mim! Ao todo 400 páginas escritas em cinco meses!

Em sua obra dividida em duas partes, o leitor sabe do passado dos personagens sem eles saberem. Como foi para você permitir isso ao leitor?

Esse é um aspecto interessante, porque o leitor sabe a respeito do que aconteceu na vida passada dos personagens no século 18. Ele sabe tudo que se passou. Quando chega a segunda parte, em 2015, o leitor vai percebendo, personagem a personagem, quem eles eram na vida anterior em Lyon. E daí vem as informações advindas das cartas psicografadas e as conjecturas sobre o passado. Por exemplo, uma personagem faleceu de Mal de Alzheimer e seus parentes receberam uma carta psicografada enigmática. Os personagens fazem deduções, mas eles não sabem o que aconteceu realmente. O leitor, por sua vez, sabe muito bem: aquela pessoa com Mal de Alzheimer, na verdade, havia cometido suicídio em sua vida pregressa na Lyon do século 18. Rapidamente o leitor é capaz de fazer a conexão entre as atitudes do passado e suas repercussões no presente. Penso que é um dos diferenciais desta trilogia.

Apesar de se tratar de uma ficção, a trilogia guarda uma reflexão: nunca é tarde para consertar erros. Como essa reflexão é construída na obra?

A doutrina espírita fala muito de “lei de causa e efeito” e, também, de “lei de ação e reação”. Foi isso que o livro pretendeu retratar ao mostrar a vida das personagens no século 18 e, depois, suas reencarnações em 2015. As consequências de suas ações no passado repercutiram na vida presente, não como forma de punição, mas de aprendizado.

Como foi escrever um romance espírita, também precisou pesquisar muito sobre a doutrina?

Apesar de ter sido criado em uma família católica, eu sempre tive ideias espíritas. Não sei de onde vieram (quem sabe de alguma vida passada), pois somente tive contato efetivo com o espiritismo próximo dos 20 anos, já na universidade. Aí que eu descobri que aquelas “ideias espíritas” de quando era criança e adolescente, na verdade, estavam dentro da doutrina espírita. De lá pra cá, passei a frequentar um centro espírita de minha cidade e participo de palestras e aulas para aprender mais sobre a religião, que também é ciência e filosofia.

Para o segundo semestre, você prevê o lançamento dos dois volumes seguintes, Entardecer no Pampa e As Palmeiras de Ubá. Como serão essas continuidades?

A previsão é que o segundo livro da trilogia, intitulado “Entardecer no Pampa” esteja disponível em junho. O leitor verá algumas cenas que se passam na Roma Antiga e depois a história também é subdivida em duas partes: a primeira no interior do Rio Grande do Sul, com personagens bem marcantes e sotaque gaúcho. E a segunda no Rio de Janeiro e dá sequência à história relatada no primeiro livro da trilogia. O leitor também perceberá a conexão que existe entre a primeira e a segunda parte deste livro. Já o terceiro e último livro, tem previsão de publicação em agosto deste ano. As primeiras cenas do livro se passam na costa da África, no século 19, na época do tráfico de escravizados. Depois o leitor é transportado até Ribeira Sacra, localidade da Comunidade Autônoma da Galícia, Espanha. A partir daí o livro é subdividido em três partes: a primeira se passa no interior de Minas Gerais; a segunda e a terceira partes se passam em diversos lugares e faz o fechamento não apenas do terceiro livro, mas também de toda a trilogia espírita.

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