Azeda de vez relação de investidores com o Brasil

 

Eleições e caminhoneiros azedam de vez relação de investidores estrangeiros com o Brasil

Perda de confiança explica caos na Bolsa, disparada do dólar e subida do risco-país, dizem especialistas

Danielle Brant – Folha de S.Paulo – De Nova York

A complacência dos investidores com o Brasil chegou ao fim. Ou, como resumiu o banco americano JP Morgan em relatório sobre o país publicado nesta quinta-feira (7), o Brasil não está mais no Kansas. A referência ao clássico “O Mágico de Oz”, em que a protagonista Dorothy é sugada de sua casa, no Kansas (EUA), por um tornado e atirada na desconhecida terra de Oz, não poderia sintetizar melhor as últimas semanas no mercado financeiro brasileiro.

Desde que o governo cedeu aos apelos dos caminhoneiros e empresários e decidiu intervir na elogiada política de repasse de preçospraticada pela Petrobras, os investidores decidiram que era hora de rever o risco atribuído ao Brasil –para pior. O CDS, termômetro do risco-país, atingiu 254,2 pontos nesta quinta, maior nível desde maio de 2017. O dólar, ativo ao qual investidores correm em busca de segurança, encostou em R$ 3,93, e a Bolsa fechou abaixo dos 74 mil pontos.

A perda de confiança no governo ocorre ao mesmo tempo de uma piora global do cenário para ativos emergentes e em meio a uma recuperação da economia americana que causou o fortalecimento do dólar em relação às principais divisas emergentes. Preocupações com aumento do protecionismo e com conflitos geopolíticos também pesaram.

Nem Bolsonaro sem Ciro

Nenhum desses fatores, porém, influenciou tanto a revisão do risco-país como a mudança no cenário eleitoral. A incerteza passou a dominar o horizonte desde que pesquisas passaram a mostrar um cenário eleitoral com dois pré-candidatos vistos como pouco reformistas.

Nem Jair Bolsonaro (PSL) nem Ciro Gomes (PDT) são vistos como favoráveis a aplicar as medidas necessárias para devolver o equilíbrio fiscal ao país. No relatório divulgado nesta quinta (7), o JP Morgan coloca a incerteza sobre as eleições como fator de preocupação com a política econômica no médio prazo. “As condições externas e domésticas mudaram significativamente nos últimos meses”, afirmou o banco em relatório.

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