Barroso defende regras claras de exclusão de posts por redes sociais no combate a fake news

Ministro do STF concedeu entrevista ao podcast “Supremo na Semana”

Redação
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil

 

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, que preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirma que o combate às notícias falsas que geram desinformação – as chamadas fake news – precisa de regras claras das plataformas de redes sociais sobre a exclusão de postagens. Segundo ele, isso fará com que eventual retirada de conteúdo não atinja a liberdade de expressão.

“Precisamos proteger a qualidade mínima do debate público não interferindo indevidamente com o que seria a liberdade de expressão. E aí nós temos dois problemas: a censura privada que eventualmente pode ser exercida pelas redes sociais e, portanto, nós não queremos passar de uma censura estatal para uma censura privada. As redes sociais têm que ter termos de uso claros para que a exclusão de posts e a exclusão de pessoas se dê por critérios que possam ser controlados pela sociedade, e não arbitrários. E do outro lado, nós não queremos potencializar a atuação dos grupos que atacam as instituições”, ressalta o magistrado.

Entrevistado na edição que vai ao ar neste sábado (3) no podcast “Supremo na Semana”, Barroso destacou que a experiência de conduzir as eleições de 2020 demonstrou a necessidade de mudança legislativa para “definir responsabilidades, para assegurar transparência e para a proteção das instituições”.

“Não é um momento fácil porque há uma nova realidade em que nós não queremos perder o que já conquistamos, não queremos instaurar uma censura privada, mas não queremos deixar que a democracia seja destruída ou corrompida por milícias digitais. Este é o cenário e este é o cenário em que o legislador tem que intervir tanto quanto possível, fazendo o controle não de conteúdos, mas de comportamentos coordenados inautênticos.”

Na conversa, Barroso também contou sobre como tem conduzido a ação que trata da proteção de comunidades indígenas durante a pandemia da Covid-19 e as principais dificuldades no caso. Ele considerou como “ponto alto” a vacinação dos povos indígenas (mais de 70% já estão vacinados com as duas doses) e classificou como questão mais complexa a retirada dos invasores das terras.

O ministro abordou ainda as perspectivas de atuação do Supremo sem o ministro Marco Aurélio Mello, que participou da última sessão na última quinta (1º).

“Um tribunal que teve uma figura como o ministro Marco Aurélio por três décadas vai sofrer o impacto da sua saída. Quanto ao futuro, vai depender muito de quem vai entrar. O Supremo tem uma cultura própria que, com tempo, na verdade, com pouco tempo, as pessoas incorporam essa cultura. Um juiz não faz o que quer”, disse.

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