Bela Kiss: O insólito soldado “vampiro” da Primeira Guerra Mundial 

Acima de qualquer suspeita, o serial killer atraía vítimas mulheres e depois drenava o sangue delas

Victória Gearini
Bela Kiss, soldado da Primeira Guerra Mundial
Bela Kiss, soldado da Primeira Guerra Mundial – Wikimedia Commons

Histórias sobre vampiros se popularizaram ao longo das décadas, muito pela contribuição do livro Drácula, de Bram Stoker, escrito em 1897 — adaptado para os cinemas em 1931, pelo diretor Tod Browning. Contudo o mito não se limitou apenas ao universo literário e cinematográfico.

Durante a Primeira Guerra Mundial, o soldado húngaro Bela Kiss aterrorizou o país e ficou conhecido na história como o “vampiro” da Grande Guerra. O insólito apelido se deu após uma série de assassinatos cometidos pelo homem, que muitos acreditavam ser semelhantes aos crimes cometidos pelos tenebrosos personagens chupadores de sangue.

Os crimes

Em 1914, o homem de até então 37 anos, comandava um grande empreendimento e era amplamente respeitado pelos moradores da cidade de Cinkota, localizada aos arredores de Budapeste. Contudo o que a população não sabia, é que o rapaz escondia uma face sombria.

O conquistador Bela Kiss sempre era visto com diferentes mulheres. De acordo com o site Mental Floss, nem sua governanta de confiança, a Sra. Jakubec, sabia o mórbido segredo do patrão.

Tambores em que encontraram as vítimas / Crédito: Divulgação / Youtube / Freak TV

Ao decorrer da Primeira Guerra Mundial, ele foi convocado para lutar pelo exército austro-húngaro. Entretanto, conforme descrito pelo NY Daily News, em meados de julho de 1916, boatos sobre a sua morte começaram a circular pela cidade. Diante disso, sua propriedade começou a ser preparada para ser vendida.

Segundo o Mental Floss, ao chegar ao local, o novo proprietário sentiu um forte odor vindo de um dos tambores, que até então acreditavam ser o recipiente onde Kiss armazenava bebidas alcoólicas.

Em seguida, o homem acionou as autoridades, que logo confirmaram tratar-se dos restos mortais de várias mulheres. Todas foram encontradas com um pedaço de corda acoplado em seus pescoços.

A equipe da polícia identificou entre 24 e 30 corpos de vítimas espalhados pelo restante da propriedade. Segundo o inquérito policial, tudo levava a crer, que o serial killer teria drenado o sangue das mulheres e preservado os corpos com metanol.

Ainda de acordo com o Mental Floss, na época, a governanta negou ter conhecimento dos crimes e disse, ainda, que Kiss a proibiu de entrar em um dos cômodos da casa.

Bela Kiss, soldado da Primeira Guerra Mundial / Crédito: Divulgação / Youtube / Freak TV

Intrigado com o caso, o detetive chefe da Polícia de Budapeste, Charles Nagy, ordenou que o local fosse aberto imediatamente. No quarto, o investigador encontrou diversas evidências dos crimes. Além disso, se deparou com uma estante repleta de livros sobre técnicas de envenenamento e estrangulamento. Mas como ele conseguiu fazer tudo isso?

As evidências

Kiss passou anos se comunicando com diversas mulheres, por meio de anúncios em jornais de Budapeste. Sob o nome falso de Hofmann, o assassino atraía suas vítimas alegando ser um homem solteiro à procura de uma esposa.

Para não levantar suspeitas, nem buscas pelo desaparecimento das vítimas, o “Vampiro de Cinkota” — como ficou conhecido mais tarde — escolhia mulheres que não tivessem parentes próximos.

Conforme as investigações, as autoridades descobriram que o serial killer recebeu inúmeras propostas de casamento. Cerca de 20 mulheres teriam se mudado para a residência do soldado e lá encontraram uma trágica morte.

Logo em seguida, uma ordem para localizar e prender Bela Kiss foi emitida ao exército, caso ele ainda estivesse vivo. Contudo, devido à escassez e dificuldade de informações durante a guerra, o exército não conseguiu localizar o paradeiro do insólito assassino. 

Jornal da época falando sobre Bela Kiss / Crédito: Divulgação / Youtube / Freak TV

Naquele mesmo ano, o detetive Nagy recebeu informações de que um soldado chamado Bela Kiss havia dado entrada em um hospital na Sérvia. Logo o investigador foi atrás da pista, contudo, ao chegar ao local, o homem havia fugido, sem deixar rastros.

O desfecho

Ao longo dos anos, a história do “Vampiro de Cinkota” se popularizou por todo o país. Em 1919, uma nova pista surgiu após uma testemunha afirmar tê-lo visto pelos arredores de Budapeste. Um ano depois, outra pessoa disse que ele estaria vivendo na Legião Estrangeira Francesa, sob o nome falso “Hoffman” .

Já no início da década de 30, anos após o fim da Primeira Guerra Mundial, um detetive de Nova York chegou a anunciar que teria visto Kiss saindo de um metrô, contudo, teria o perdido de vista. As últimas informações sobre o seu suposto paradeiro são de 1936, quando começaram circular boatos de que ele estaria trabalhando como zelador de um prédio.

Conforme o Mental Floss, mais uma vez as investigações não deram em nada e o paradeiro e o corpo de Bela Kiss nunca foram encontrados.

O que se sabe sobre este caso, é que foi amplamente repercutido pela cultura popular. Em 2013, o filme de terror alemão Bela Kiss: Prólogo, de Lucien Förstner, recontou a insólita história do brutal “Vampiro de Cinkota”.

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