Bolsonaro acredita que Marinho, o preferido de Valdemar para o posto, é, atualmente, um nome mais adequado. O parlamentar, segundo o ex-presidente, estaria mais disponível para exercer a função do que seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP).
Atualmente, Marinho conduz os diálogos de apoio das bancadas do PL com candidatos às sucessões da Câmara e do Senado. Eduardo, por sua vez, realiza viagens pelo Brasil e para o exterior representando o PL.
Eduardo já confirmou, por exemplo, presença no Estados Unidos no próximo dia 5, data em que será realizada a eleição americana, a convite da comitiva de Donald Trump. Ele também mantém contato com o presidente argentino Javier Milei e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu.
Eduardo tem se colocado como interlocutor de lideranças estrangeiras enquanto Bolsonaro está proibido de deixar o país e com o passaporte apreendido por decisão do ministro Alexandre de Moraes. Recentemente, por exemplo, Eduardo começou a fazer aulas do idioma árabe e passou a viajar com frequência para o Oriente Médio, onde se encontra com lideranças conservadoras e religiosas.
O passaporte do ex-presidente foi apreendido em fevereiro deste ano durante uma operação da Polícia Federal no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado. Bolsonaro solicitou formalmente a devolução do documento, mas não obteve sucesso.
O ex-mandatário chegou até mesmo a solicitar a devolução por meio de aliados a tempo de ir aos Estados Unidos conversar e tirar uma foto com Donald Trump antes da eleição americana, mas também não conseguiu reaver o passaporte.
Eventos pelo Brasil
Por causa dessas restrições, Bolsonaro e Valdemar pensam em Eduardo ocupando um cargo de “representação da direita” no Brasil e no exterior: enquanto viaja para outros países, o parlamentar poderia liderar eventos locais que reunissem lideranças conservadoras.
A ideia no PL é que todos os estados tenham eventos periódicos com os políticos locais, o que manteria a militância conservadora mobilizada. Valdemar, ainda que deixasse a presidência do partido, seguiria em um cargo executivo, controlando recursos e responsável por articulações políticas.
Líder da oposição no Congresso e ex-ministro do Desenvolvimento Regional no governo de Bolsonaro, Marinho é visto como um nome com boa capacidade de articulação.
Anteriormente, Valdemar havia se mostrado favorável à troca de comando e indicado que Eduardo Bolsonaro assumiria em seu lugar, mas reavaliou a posição por acreditar que o filho do ex-presidente não teria tempo suficiente e passou a defender o nome de Marinho.
“Quero um cargo para que o Eduardo faça a defesa do partido e atue fora do Brasil, fazendo a liderança no exterior que ele sempre fez. Ele é muito ocupado e eu vou continuar no cargo. Se fosse para trocar a presidência do PL, eu ia querer que o cargo ficasse com o Rogério Marinho. Ele é atuante no partido, tem mais tempo. Eduardo visita dois ou três estados por mês, é uma loucura. Ele precisa de um lugar no partido em que ele atue como um embaixador internacional do PL”, disse Bolsonaro ao GLOBO.
A troca de comando da legenda passou a ser discutida há algumas semanas pelo fato de Valdemar estar proibido de ter contato com o ex-presidente Jair Bolsonaro. A medida foi imposta pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após os dois se tornarem alvo de investigação que apura suspeitas de tentativa de golpe de estado.