Opinião
O Paraná Pesquisas trouxe, ontem, mais um cenário da corrida presidencial de 2026 apontando o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) numericamente à frente do presidente Lula (PT). O fato de o instituto ter prestado serviços para o Partido Liberal (PL), de Bolsonaro, durante a pré-campanha de 2022, também deixa no ar a suspeita de que pode haver algum viés nos números divulgados.
Mas esse tipo de liderança não é novidade. Lula apareceu na frente em pesquisa de intenção de voto na eleição de 2018, mesmo depois de ser preso. Aliás, Lula só lançou e sustentou sua candidatura na eleição presidencial daquele ano, na qual acabou substituído por Fernando Haddad, hoje ministro da Fazenda, na expectativa de não ser preso.
Escorar-se no apoio popular é a estratégia que restou a Bolsonaro após seu indiciamento pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado. O ex-presidente já vinha fazendo isso depois de ser declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Que sustentar uma perspectiva eleitoral na esperança de se manter vivo politicamente.
Deu certo para Lula. Apesar de não ter conseguido evitar a própria prisão, o petista logrou convencer parte da população de que foi preso para não poder concorrer, invertendo o que de fato ocorreu: concorreu para tentar não ser preso. Essa narrativa lulista faz parte da história contada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para anistiar o petista das condenações na Operação Lava Jato.
Nesse enredo, que ignora todas as provas coletadas pela investigação e o fato de que outros juízes referendaram as decisões de Sérgio Moro e Gabriela Hardt, Lula só foi condenado e preso por ter sido vítima de uma perseguição da Lava Jato.
O discurso de Bolsonaro é o mesmo, naturalmente. Diante de tantos indícios de que seu grupo político tentou permanecer no poder mesmo sem votos, só resta dizer que tudo não passa de perseguição. E torcer para a “leitura política” de algum ministro do STF mudar os rumos da história.
JÁ NA LIDERANÇA – Se a eleição presidencial fosse hoje, Jair Bolsonaro (PL), que neste momento está inelegível, teria 37,6% dos votos contra 33,6% do atual ocupante do Palácio do Planalto, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), segundo levantamento do Paraná Pesquisas realizado de 21 a 25 de novembro de 2024. Como a margem de erro do estudo é de 2,2 pontos percentuais, para mais ou para menos, os dois pré-candidatos estão em situação de empate técnico. O levantamento coletou dados já durante o período em que se tornou pública uma investigação da Polícia Federal que acusa Jair Bolsonaro de ter sido um dos organizadores de um golpe de Estado frustrado no final de 2022. Dessa forma, o resultado da pesquisa veio já com o efeito do intenso noticiário a respeito desse processo, que é relatado no Supremo Tribunal Federal pelo ministro Alexandre de Moraes.