Briga entre Wajngarten e Wassef agrava escândalo das joias nos bastidores: “vou me vingar”
Advogado Frederick Wassef culpa o ex-secretário de Comunicação por vazamentos de informações e divulgação de notícias desfavoráveis que o envolvem no caso
Em uma série de mensagens obtidas pela Polícia Federal, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação de Jair Bolsonaro (PL) e advogado Fabio Wajngarten discute a possibilidade de o Tribunal de Contas da União (TCU) exigir a devolução das joias recebidas por Bolsonaro como supostos presentes da Arábia Saudita. Nas mensagens, Wajngarten expressa preocupação com a atuação do advogado Frederick Wassef e do coronel Marcelo Câmara, que estavam envolvidos na tentativa de recuperar um relógio Rolex de ouro branco e diamantes que havia sido vendido ilegalmente. O ex-ministro também menciona a intenção de “se antecipar” às ações do TCU.
Segundo a coluna da jornalista Malu Gaspar, do jornal O Globo, as mensagens, que agora são de conhecimento público, levaram a Polícia Federal a convocar Wajngarten para prestar depoimento nesta quinta-feira (31). Ele inicialmente se recusou a falar, amparado por uma petição da OAB de São Paulo, mas logo em seguida começou a preparar uma ata notarial com o histórico das mensagens, alegando que elas comprovam que soube da venda das joias pela imprensa.
“O que Wajngarten não diz, mas todo mundo no entorno de Bolsonaro sabe, é que a iniciativa visa blindar o ex-Secom de uma ameaça que Wassef vem fazendo sem cerimônia nos bastidores: de ‘acabar com Wajngarten’. Amigos em comum dos dois vêm relatando que Wassef diz nos bastidores que vai apontar o dedo para Wajngarten, diz um dos personagens mais próximos do ex-presidente nessa investigação. ‘Vou me vingar’, teria dito Wassef, de acordo com relatos que chegaram inclusive a Wajngarten”, destaca a reportagem.
Wassef também estaria se referindo as reportagens que citam o seu nome como “vazamentos” e “plantações” feitas pelo “corno judeu” com o objetivo de prejudicá-lo.
Ainda conforme a colunista, a rivalidade entre eles não é nova e gira em torno da busca por influência e favoritismo junto a Bolsonaro. Wassef afirma que foi ele quem apresentou Wajngarten ao ex-mandatário antes das eleições de 2018, mas afirma que se afastou após acusações de tentativas de prejudicá-lo. Por outro lado, Wajngarten alega que conheceu Wassef em um evento de arrecadação de fundos e que os dois nunca tiveram brigas.
No entanto, fontes próximas a ambos relatam que Wassef tem dificuldade em trabalhar em equipe e não cumpre acordos, o que gerou tensões com outros profissionais que já integraram a defesa de Bolsonaro em diferentes momentos.