Bronca na Cesta do Povo
Da Redação
Há meses, moradores e consumidores da loja Cesta do Povo, localizada no município de Uauá, sertão baiano, estão se queixando do suposto desvio de mercadoria para grande estabelecimentos comerciais particulares. Segundo denúncias de donas de casa e de vereadores, as principais mercadorias, não chegam às prateleiras. “Antes, da mercadoria ser descarregada, já existe um outro veiculo a espera para ser levada para outro comercio. As principais mercadorias que compõem uma cesta básica para famílias de baixa renda, principalmente o frango, leite, refrigerante e outras desaparece rápido. Na semana passada chegou um caminhão de frango no final da tarde, e no outro dia eu fui cedo para tentar comprar, só encontrei carcaça, refugos de coxas, asas e outras porcarias como molambo” desabafa a dona de casa Catarina de Almeida.
Durante o dia de feira, agricultores chegam à cidade para vender suas mercadoria, receber dinheiro e comprar no local, e terminam se deparando com uma cena deprimente. Segundo levantamentos, o problema já existe há tempo, mas antes era com menos intensidade onde as ações tinham cautela. “Quando aponta numa esquina um caminhão carregado de frio, os grandes e médios comerciantes correm para a porta da loja, parece como se fosse uma coisa já organizada, onde todos sabem o dia e o horário da chegada da mercadoria”, informa o agricultor Antonio Severo.
Pessoas de baixa renda que residem na periferia sofrem, também com a situação. “Quase todas as pessoas hoje estão sendo obrigadas a comprarem nas mãos de atravessador por preços de quase o dobro. Outra coisa, isso é obra do Governo do PT, que faz uma propaganda enganosa dizendo uma coisa e a realidade é outra. Por sinal, a gerente da loja é filiada ao PT, colocada pelo partido para assumir a função, então isso significa que ela está fazendo isso em nome do PT, e como se saber, isso é um crime contra a ordem financeira e tributária, espero que o Ministério Público faça uma intervenção e peça a condenação de todos os culpados”, desabafa José dos Santos.
Preocupados com a situação, os vereadores Paulo Sérgio Cardoso Ferreira (PSB) e Romildo Dias Rodrigues (PDT), apresentaram requerimento na Câmara no dia 9 de dezembro relatando o fato. O documento foi aprovado por unanimidade.
Eles pedem providências urgentes da Empresa Baiana de Alimentos (EBAL) e da justiça.
De acordo o documento, ele foram informados por populares no dia 07/12/2011, que ‘comerciantes estão utilizando de terceiras pessoas para efetuar compras de mercadorias para revenda, com maior preço, nos seus estabelecimentos comerciais, deixando o consumidor à mercê de tal prática abusiva (…) Considerando que a anuência da EBAL com tais práticas enseja medidas de caráter administrativa e judicial, já que foge da finalidade para qual a rede de estabelecimento alimentar, CESTA DO POVO, foi implantada na nossa cidade e em toda a Bahia (…) Considerando, ainda, que a função fiscalizatória do Legislador abrange a de natureza comercial que venha afrontar o direito do consumidor”.
Eles finalizam pedindo providencias urgentes por parte da EBAL e do Ministério Público: “Considerando que esses comerciantes além de estarem infringindo o Código de Defesa do Consumidor – CDC, praticando Crimes contra a Economia Popular, também estão incorrendo em Sonegação Fiscal e Especulação Comercial, requeremos à Mesa Diretora, consultando o Plenário, adote as medidas necessárias e cabíveis, visando requerer a devida providência administrativa junto à EBAL, como também, judicial, esta perante o ilustre Representante do Ministério Público Estadual, para fazer cessar tais abusos e infrações penais por parte de alguns comerciantes do nosso Município”.
Em contato com a reportagem do Ação Popular, o vereador Paulo Sérgio Cardoso se mostrou preocupado com o problema. “Trata-se de um crime grave contra a ordem econômica e tributária onde famílias de baixa renda que moram na periferia e zona rural são as principais vitimas não só do atravessador como também da gerencia da loja que é conivente com tais práticas. A Cesta do Povo foi feita para atender o povo que precisa, e não para servir de agente de crime triplo”, informa.
A reportagem tentou contato com a gerencia da loja e com a EBAL, em Salvador, não conseguiu.