Cabeça de juiz

Carlos Brickmann

Naquela antiga frase sobre o que pode sair da cabeça de juiz e de bunda de nenê, em geral se esquece o terceiro elemento imprevisível: boca de urna. Há uma foto clássica de eleições americanas em que o presidente Harry S. Truman, recém-reeleito, segura um jornal que anuncia a vitória de seu opositor Thomas Dewey. Jânio Quadros ganhou a Prefeitura de São Paulo pela primeira vez contra o favoritíssimo Francisco Antônio Cardoso; e pela segunda contra o ainda mais favorito Fernando Henrique Cardoso. Erundina, uma semana antes da eleição, era a terceira colocada. Virou o jogo e bateu o grande favorito Paulo Maluf.

Duvida de Meirelles? Depois de bem-sucedida temporada como banqueiro no BankBoston, voltou ao Brasil e se elegeu deputado federal por Goiás. E Temer vem se elegendo, embora sempre com votação baixa, desde 1986. Bem ou mal, já chegou lá.

Claro, Temer e Meirelles não são as únicas surpresas que podem ocorrer neste ano (nem as mais prováveis). Alckmin chefia um partido forte, com boas raízes no Centro-Sul. Doria já surpreendeu uma vez (embora nenhum de seus possíveis padrinhos vá se surpreender de novo). Há os corredores paraguaios Marina e Ciro – e se um deles acertar o ritmo? Álvaro Dias, Arthur Virgílio? Este colunista não apostaria em nenhum deles, nem em Bolsonaro ou Lula (mas também não apostaria contra eles). Joaquim Barbosa? Tantos candidatos só indicam que não há candidato nenhum.

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