Cacá Leão renuncia à vaga no Conselho de Ética após pressão dos aliados de Cunha
A pressão exercida sobre a bancada do PP pela tropa de choque do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), pavimentou ontem a renúncia do deputado federal Cacá Leão à vaga de membro titular do Conselho de Ética. A decisão foi tomada durante reunião com o líder do partido na Casa, Agnaldo Ribeiro (PB), e deve ser oficialmente comunicada na sessão do colegiado marcada para hoje.
A saída de Cacá, tido como voto certo a favor do parecer que recomenda a cassação de Cunha, abre espaço para a chegada de um aliado do peemedebista, o deputado maranhense André Fufuca (PP). Em contrapartida, Cacá se livra de um pepino difícil de descascar. Filho do vice-governador João Leão e integrante da base de apoio ao Palácio de Ondina, o parlamentar criaria arestas com os parceiros políticos na Bahia caso seguisse a determinação da cúpula pepista de ajudar Cunha no Conselho de Ética. Por outro lado, a provável desobediência às ordens do comando partidário o levaria, inevitavelmente, ao isolamento interno.
Saída pela tangente
Procurado pela Satélite, Cacá Leão confirmou a renúncia, mas negou que tenha sido forçado pelos caciques do PP. O deputado disse ainda desconhecer qualquer tipo de acordo da sigla com os partidários de Eduardo Cunha. “Na verdade, estabelecemos desde o ano passado que haveria rodízio na titularidade dos colegiados da Câmara, incluindo o Conselho de Ética. Fora isso, sou presidente da comissão que vai propor alterações no Código Brasileiro de Trânsito e isso requer, a partir de agora, minha atenção máxima”, justificou. Cacá descartou também que já havia definido posição contrária ao peemedebista, embora tenha antecipado a correligionários voto pela cassação.
Tábua de afogado
Mesmo com as manobras pró-Cunha no Conselho de Ética, deputados da bancada baiana em Brasília acham que, dificilmente, ele conseguirá escapar da degola. Uma eventual vitória do peemedebista na votação do parecer pelo colegiado, avaliam as fontes, não o protege contra a cassação. Isso porque o resultado no conselho só valerá se confirmada pelo plenário da Casa, onde a pressão popular sobre os 513 deputados terá fator decisivo. A única chance de Cunha seria uma reviravolta no parecer elaborado pelo relator do processo contra o presidente afastado da Câmara, Marcos Rogério (DEM-RO). Algo visto como improvável.
“Nos tornamos um poder menor, sem qualquer prestígio. A Câmara precisa eleger alguém que vai ser o primeiro na linha sucessória de Michel Temer. Chegamos a uma situação insustentável”, José Carlos Aleluia , Deputado federal do DEM, ao cobrar novas eleições para a Presidência da Casa.