“Cada um por si, e Deus contra todos no Brasil”

 

Por Jorge Serrão  [email protected]

A Guerra de todos contra todos no Brasil, também chamada de “Guerra do fim dos imundos”, além de apocaliptica, assume tons macunaímicos. Nestes tempos de combate à corrupção, mesmo que ainda não se consiga ainda eliminar as causas, o lema digno para o brasileiro sem caráter é: “Cada um por si, e Deus contra todos”. Vale cantar o primeiro teorema de Bezerra da Silva, no ritmo dos imortais Originais do Samba: “Se gritar pega ladrão, não fica um, meu irmão”. O brasileiro, pt da vida com tudo de errado e prejudicado pela brutal crise econômica, exige mudanças – embora muitos nem saibam direito por onde e como promovê-las.

Promessa indesejável

Trabalhadores, empresários e até banqueiros tomam coragem de combater a corrupção. Ontem, em Brasília, a Polícia Federal deflagrou a “Operação Quatro Mãos”. Um membro do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, da Super Receita Federal, foi preso em flagrante em um shopping de Brasília. Ele foi apanhado depois de tentar extorquir diretores do Itaú. A colaboração do banco com a PF, para pegar o gatuno, com certeza, foi inspirada pelo péssimo exemplo registrado pela Operação Zelotes. Dirigentes do Bradesco, do Banco Safra e do grupo Gerdau estão indiciados por acusação de terem aceitado o jogo dos corruptos.

Exemplos, principalmente os bons, educam… Vide a declaração feita ontem pelo mais jovem supremo ministro José Antônio Dias Toffoli, em Washington, nos Estados Unidos, durante encontro do Brazil Institute do think Tank Wilson Center. Toffoli descreveu muito bem um fenômeno da Revolução Brasileira em andamento: ” Não é um juiz sozinho que está mudando a história do Brasil, quem está mudando a história do Brasil é a sociedade civil. E obviamente há o caso do Mensalão, que ao condenar grandes nomes da política e do empresariado deu força para o Poder Judiciário”.

O ex-advogado do PT, nas entrelinhas, tentou diminuir o papel do juiz Sérgio Moro. Toffoli preferiu focar que a Lava Jato vem obtendo bons resultados por causa de uma série de leis – aprovadas inclusive pelos políticos que hoje são investigados – como a que permitiu a delação premiada. Toffoli até reconheceu que começou com as mudanças promovidas pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, que instituiu a Lei de Responsabilidade Fiscal, além da busca por transparência e a liberdade para que o Ministério Público eleja o Procurador-Geral da República.

Toffoli pregou uma reforma legal para acabar com o “presidencialismo de coalizão”. O ministro recomendou que o melhor para o Brasil seria adotar o sistema de voto distrital para a Câmara dos Deputados, e não o sistema proporcional. Ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Toffoli constatou e reclamou: “A presidente Dilma Rousseff foi reeleita em 2014 e o seu partido, o PT, teve apenas 11% das cadeiras da Câmara dos Deputados”.

Toffoli também deve ter surpreendido e irritado a petelândia com a análise feita sobre a situação incontornável de Dilma Rousseff. O ministro fez média: “A porta está aberta para todos entrarem com recursos no Brasil. Todos que tiverem um pedido a fazer podem ir ao Judiciário”. No entanto, Toffoli deixou claro que o Supremo Tribunal Federal só analisará questões sobre “o devido processo legal”, como procedimentos e regras, e não deverá entrar no mérito do afastamento da Presidenta, caso o Senado confirme seu afastamento definitivo. Resumindo: o STF não salvará Dilma…

Ontem, quem observou atentamente os arredores do Palácio da Alvorada, onde Dilma se refugia, constatou a presença de um caminhão de mudanças. Vazou a informação de que Dilma já estaria levando objetos pessoais para Porto Alegre, onde deverá morar depois de agosto – certamente mês do desgosto para ela. Quem não está mais tranquilo que Dilma é seu sucessor. Michel Temer se preocupa com o desgaste prematuro de sua equipe econômica comandada por Henrique Meirelles. O mago, amigo de Lula, já não encanta como antes. O clima esquenta, porque falta bife na chapa do povão sem grana, afetado por uma crise longe de ser resolvida, cuja causa é a gastança estatal combinada com muita corrupção.

Temer também teme as ações da Lava Jato e afins contra o PMDB – que presidia até outro dia. Ontem, teve gente em Brasília brincando com a manchete do jornal o Globo, “Temer aconselhou Cunha a renunciar à presidência”… Os gaiatos de plantão, que preferem perder o Presidento a perder uma boa piada, comentaram, nos bastidores do Palácio do Planalto: “Já pensou se o Cunha também aconselhar o Temer a renunciar à Presidência?”.

Eis o clima de nada hilária tensão no Brasil das Olim-piadas, em ritmo de “cada um por si e Deus contra todos”, como bem pregou o imortal Mário de Andrade, em sua obra-prima “Macunaíma”…

Corruptos, desunidos, serão facilmente vencidos… Graças a Deus e à mobilização dos brasileiros de bem e do bem, pts da vida com tanta sacanagem…

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