Caiado e Romeu Zema sem unem no interior de MG contra nomes de Lula e Bolsonaro
A deputada federal Ione Barbosa (Avante), candidata à Prefeitura de Juiz de Fora, recebeu no dia 16 de julho a visita de Ronaldo Caiado (União Brasil), governador de Goiás, estado cuja capital fica a cerca de 1.100 quilômetros do município da Zona da Mata mineira.
O goiano esteve presente no primeiro dia de campanha da candidata, que também é apoiada pelo governador do seu estado, Romeu Zema (Novo). Entre seus adversários, estão nomes apadrinhados pelo presidente Lula (PT) e pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Juiz de Fora tem o quarto maior eleitorado do estado, com 390 mil aptos a votar.
Questionada sobre o motivo da ida de Caiado a Minas Gerais, a assessoria do governo de Goiás não retornou às tentativas de contato. A agenda oficial apontava apenas um compromisso do governador no dia, quando participou como palestrante em um evento no Rio de Janeiro.
Apesar de Zema e Caiado manterem uma boa relação e serem citados como uma possível candidatura presidencial da direita em 2026, o principal motivo para a ida do goiano a Minas é a escolha do vice de Ione.
O União Brasil, partido do qual Caiado é um dos líderes, estava sendo disputado pelas candidaturas do Avante e do PT, legenda da atual prefeita Margarida Salomão, que concorre à reeleição.
A definição pelo apoio à candidatura de Ione veio após uma intervenção da executiva nacional do partido no diretório nacional, que era contrário à aliança. A ação foi articulada por Ione junto a deputados federais do União Brasil, que facilitaram a aproximação entre a candidata e o governador.
Essa aliança, porém, é hoje a maior ameaça à chapa. Na semana passada, o Ministério Público de Minas Gerais (MP-MG) entrou com uma ação de impugnação contra a candidatura por causa do vice, professor Manfrini.
Apesar de ele constar junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como filiado ao Avante, a assessoria da candidata afirmou que houve um erro no registro, e que ele é do União Brasil. Esse, no entanto, não é o alvo do processo.
De acordo com a Promotoria, uma denúncia apontou irregularidades na indicação de Manfrini porque a convenção do União foi realizada no dia 6 de agosto, um dia depois da data-limite definida pela Justiça Eleitoral.
Outro questionamento apontado na ação do MP-MG é que as atas do Novo e Avante, apresentadas no dia 5, um dia antes da definição do União, já traziam o nome do candidato. Para a Promotoria, esse é um indício de fraude.
A resistência do diretório local do partido de Caiado em se unir à candidatura de Ione apoia-se na questão de que a eleição em Juiz de Fora é uma das prioridades para o PT entre as cidades de médio porte. O município é hoje o segundo maior do país administrado pela legenda, atrás apenas da também mineira Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte.
As cidades fizeram parte do roteiro de Lula na última vez em que ele visitou o estado, em junho. Na época, ele reconheceu que decidiu visitá-las antes das vedações eleitorais.
“Eu vim aqui também porque, [até] no dia 5 de julho, essa mulher pode subir comigo no palanque. Mas depois do dia 5 de julho essa mulher não pode mais subir no palanque comigo. Como eu quero vir muitas vezes aqui e vou ter que fazer atos sem a presença dela, eu vim aproveitar essa viagem para ver a minha extraordinária companheira Margarida e aproveitar para inaugurar as obras”, afirmou o presidente.
Quem também concorre em Juiz de Fora é o ex-deputado federal Charles Evangelista, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Os dois estarão juntos em comício na cidade no dia 6 de setembro, data que irá marcar seis anos do atentado que ele sofreu na cidade em 2018, na campanha às eleições presidenciais daquele ano.
No dia anterior, Bolsonaro participa em Belo Horizonte de evento com Bruno Engler (PL), seu candidato à prefeitura da capital mineira, disputa em que o governador Zema apoia o apresentador de TV e deputado estadual Mauro Tramonte (Republicanos), líder nas pesquisas eleitorais.
Artur Búrigo/Folhapress