Por Bela Megale*
Nas reuniões que teve ao longo desta semana, Jair Bolsonaro (PL) deixou claro a aliados que a relação com o governador Ronaldo Caiado (União) azedou mais uma vez.
O ex-presidente destacou que vai se engajar ainda mais no segundo turno na eleição para a Prefeitura de Goiânia. Na cidade, o capitão apoia Fred Rodrigues (PL), que concorre com Sandro Mabel (União), nome defendido pelo governador.
Não foi por acaso que Bolsonaro retomou as viagens para impulsionar seus candidatos pela capital goiana, nesta sexta-feira. No evento, o ex-presidente não citou Caiado nominalmente, mas lançou mais um petardo em sua direção: “Ele prometeu, lá atrás, não taxar o agro. Tão logo foi reeleito, taxou o agro. Falta de hombridade, falta de honrar a própria palavra. Se não pode fazer, não prometa. Na campanha não é vale tudo não. Um político vale pela sua palavra. Se alguém por aqui tem obsessão pela presidência é um direito dele. Eu não tenho obsessão pela presidência, tenho paixão pelo meu Brasil”, disse Bolsonaro.
Para correligionários do PL, o empenho de Bolsonaro em derrotar Caiado vem da postura do governador de se colocar, neste momento, como presidenciável em 2026.
O ex-presidente já se queixou disso mais de uma vez e sinalizou que quer usar a eleição municipal para mostrar que ele seria o principal nome da direita, apesar de estar inelegível e sem nenhuma perspectiva real de que isso mude. Aliados de Bolsonaro, no entanto, vem atuando para que o capitão baixe o tom contra Caiado, pois avaliam que os dois precisam andar juntos na próxima eleição, na tentativa de derrotar Lula.
O governador de Goiás mostra irritação com Bolsonaro nos bastidores, mas não pretende ir para o embate público com o ex-presidente. Caiado já fez chegar a interlocutores do capitão que vê seus ataques como “excessivos”. No primeiro turno, Bolsonaro chegou a chamar Caiado de covarde, sem citá-lo nominalmente.
*Jornalista do O GLOBO