Daqui a menos de um mês o inverno se despede do Brasil. No entanto, para muitas pessoas a estação nem começou. Isso porque, nos últimos meses, vários estados brasileiros vêm registrando altas temperaturas — quando, na verdade, deveria estar frio.
Nesta quinta-feira, as máximas são de 40º C no Rio de Janeiro e em Cuiabá, segundo o ClimaTempo. As altas temperaturas, como o calor fora de época deste período, podem trazer malefícios para saúde.
Existem 27 maneiras diferentes pelas quais o corpo humano sucumbe ao superaquecimento, que vão desde insuficiência renal até envenenamento do sangue quando o revestimento do intestino se desintegra. Todas podem resultar em morte em poucas horas, afirmou Camilo Mora, professor associado do departamento de geografia da Universidade do Havaí em Manoa, em entrevista à revista Time.
A temperatura corpórea considerada normal varia entre 36º C e 37,2º C. Quando a temperatura do ambiente é igual ou superior à interna, a única forma de evitar o superaquecimento do organismo é pelo suor. Os capilares, minúsculos vasos sanguíneos próximos à pele, se expandem na tentativa de eliminar o calor.
Mas quando a umidade do ar é alta, a transpiração acaba se tornando menos eficaz porque o ar já está saturado de “água”. Como resultado, o corpo não esfria e a temperatura aumenta, desencadeando uma série de protocolos de emergência para proteger as funções vitais.
Por outro lado, o suor excessivo pode levar à desidratação. Quando o corpo superaquece e fica desidratado, o sangue engrossa. Isso faz com que o coração precise usar mais força para bombear o sangue pelo corpo. Ele e outros órgãos podem ser seriamente danificados. Para cada aumento de 0,5°C na temperatura do corpo, a frequência cardíaca de uma pessoa normal aumenta 10 batimentos por minuto, segundo informações da revista Time, resultando em pulso acelerado e sensação de tontura.
Se a condição não for tratada com sombra, repouso e reposição de eletrólitos, pode haver insolação. Os órgãos começam a “desligar”. O coração, sobrecarregado, pode entrar em parada cardíaca.
Existe um termo científico internacional para medir a capacidade de resistência do corpo ao calor: é o “Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo (IBUTG)” (“Wet Bulb Globe Temperature” – WBGT em inglês), que combina o cálculo do calor com o grau de umidade.
O “bulbo” é o depósito de mercúrio de um termômetro tradicional, envolto em um pano úmido, cuja evaporação serve para medir a temperatura úmida do ar. Já o “globo” é uma esfera oca pintada de preto que, presa a um termômetro, serve para medir a radiação térmica.
Especialistas calculam, em média, que um jovem perfeitamente saudável morrerá dentro de seis horas após a exposição a uma temperatura IBUTG de 35º C. Essa temperatura equivale a 35º C de calor seco e 100% de umidade, ou 46º C com 50% de umidade.
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Nesse ponto crítico, o suor, a principal ferramenta do corpo para baixar a temperatura central, não consegue evaporar da pele, o que eventualmente leva à insolação, ao colapso dos órgãos internos e à morte.