Câncer de próstata matou 681 em Pernambuco

Renata Coutinho

Clóvis Fraga, representante da SBU, lembra que homens com histórico familiar de câncer devem procurar o médico a partir dos 45 anos

Metade dos homens brasileiros nunca foi ao urologista (51%), e os recifenses estão entre aqueles que evitam o especialista. Esta realidade da saúde masculina foi divulgada em uma pesquisa nesse ano depois de um levantamento com 3,2 mil homens distribuídos entre as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Salvador e a capital pernambucana. Em cada uma delas foram ouvidos 400 homens a partir dos 35 anos. O estudo foi encabeçado pela Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em parceria com a Bayer e mostra um aspecto que culturalmente o brasileiro conhece bem: a rejeição do homem em cuidar da saúde íntima. É para combater essas barreiras sociais e alertar para a necessidade dos exames de diagnóstico precoce do câncer de próstata que o Novembro Azul entra como momento de conscientização.

Os dados que comprovam uma negligência masculina com este tipo de câncer não param por aí. Um levantamento pela Coalizão Internacional para o Câncer de Próstata também divulgado em 2015 aponta que 47% dos homens com a doença em estágio avançado desconhecem e não dão importância aos sintomas, protelando assim o do diagnóstico e início de tratamento. Outro levantamento internacional realizado pela ONG britânica Cancer Care endossa as estatísticas revelando que cerca de 10% dos pacientes chegam na consulta pela primeira vez com o tumor disseminado para outros órgãos, ou seja em metástase. A mesma ONG estima de 1,1 milhão de homens são atingidos pelo câncer de próstata, que provoca 307 mil mortes no mundo por ano. No Brasil é o segundo câncer mais frequente entre os homens. São 70 mil novos casos por ano da doença. As mortes no País giram em torno de 13 mil por ano. Em Pernambuco, 681 homens foram a óbito pela doença em 2014.

Os números mostram a gravidade do problema para a saúde pública mundial e nacional, por isso o mês de novembro está na mira de várias campanhas de sensibilização junto aos homens para buscar o urologista na idade certa. “Existe uma recomendação que os homens a partir dos 45 anos, desde que tenham histórico de câncer de próstata na família, busquem uma consulta com o urologista. Para aqueles que não têm história familiar a recomendação é a partir dos 50 anos”, disse o representante da SBU, Clóvis Fraga. O especialista comentou que quando comparada a relação da mulher como o ginecologista a do homem com o urologista, as situações são bem diferentes. “Elas estão acostumadas a exames de rotina, a buscar o médico sem estar necessariamente doentes. Já eles, não. Os homens tem uma resistência maior, só buscam ajuda quando já estão sentindo alguma coisa. Contudo, essa resistência tem mudado nos últimos anos. Muitos já estão buscando o médico espontaneamente”, comentou. Marivaldo Gomes, 58 anos, é um desses bons exemplos. “Procurei os urologista pela primeira vez aos 45 anos, mesmo sem nunca ter tido casos na família. Os homens precisam se conscientizar que com a idade é preciso se prevenir. Eu indico que todos os meus amigos façam os exames e procurem o médico, mas muitos ainda ficam com pé atrás”, contou. (FolhaPE)

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