“Capela Sistina parece banheiro público”: 13 obras destroçadas por críticos de seu tempo

Por: El País
“Capela Sistina parece banheiro público”: 13 obras destroçadas por críticos de seu tempo

13 fotos

“À frente de seu tempo”, essa frase que já soa batida, alcança todo seu sentido com estas obras e estes artistas que sentiram como a crítica os desprezava e hoje são universalmente venerados

    •   O que pensamos hoje  A Torre Eiffel, esse ícone. Convertida no postal parisiense por antonomásia, durante um fim de semana de férias quase nos daria vergonha publicar em nossas redes sociais uma fotografia em frente a ela desde que a intenção não fosse fazer uma ironia. E para além disso é uma soberba obra de engenharia, além do reflexo material de uma nova sociedade baseada na indústria e no capital, que encontrava seu espelho perfeito em uma torre levantada em base de vigas metálicas.    O que disseram então  Em seus primeiros dias, horrorizou a maioria acostumada aos pomposos edifícios de estilo historicista e Beaux-Arts, que não via nela mais que um brutamontes de aspecto inacabado, um gigantesco andaime que arruinava a beleza da Paris senhorial. Um grupo de escritores e artistas, entre os quais se encontravam os  pompiers  Bouguereau e Messonier e o músico Charles Gounod, publicaram em 1887, a poucos dias de iniciada sua construção, uma carta de protesto em que chamava a nova construção de “a desonra de Paris”, e prognosticavam que todos os estrangeiros que visitassem a cidade iam debochar da França inteira perante aquele “horror que os franceses encontraram para nos dar uma ideia de seu gosto tão louvado”.
      1A Torre Eiffel (1889), de Alexandre Gustave Eiffel: a desonra de Paris O que pensamos hoje A Torre Eiffel, esse ícone. Convertida no postal parisiense por antonomásia, durante um fim de semana de férias quase nos daria vergonha publicar em nossas redes sociais uma fotografia em frente a ela desde que a intenção não fosse fazer uma ironia. E para além disso é uma soberba obra de engenharia, além do reflexo material de uma nova sociedade baseada na indústria e no capital, que encontrava seu espelho perfeito em uma torre levantada em base de vigas metálicas.

      O que disseram então Em seus primeiros dias, horrorizou a maioria acostumada aos pomposos edifícios de estilo historicista e Beaux-Arts, que não via nela mais que um brutamontes de aspecto inacabado, um gigantesco andaime que arruinava a beleza da Paris senhorial. Um grupo de escritores e artistas, entre os quais se encontravam os pompiers Bouguereau e Messonier e o músico Charles Gounod, publicaram em 1887, a poucos dias de iniciada sua construção, uma carta de protesto em que chamava a nova construção de “a desonra de Paris”, e prognosticavam que todos os estrangeiros que visitassem a cidade iam debochar da França inteira perante aquele “horror que os franceses encontraram para nos dar uma ideia de seu gosto tão louvado”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Jeff Koons é um dos artistas vivos mais cotados. Goste ou não, suas exposições se convertem em blockbusters capazes de atrair milhares de espectadores. O Guggenheim de Bilbao exibe seu gigantesco e florido  Puppy  na entrada, além de um igualmente enorme ramalhete de Tulipas    metálico em uma de suas esplanadas. É quiçá o artista contemporâneo que de maneira mais literal e extrema representou a sociedade do espetáculo e sua ancoragem na economia capitalista.    O que disseram então:  Em 1989, quando já desfrutava de um reconhecimento invejável para qualquer outro artista, o crítico Mark Stevens escreveu na edição norte-americana Vanity Fair as palavras definitivas sobre sua obra: “seja o que for que diz Koons, Warhol o disse melhor”.
      2Jeff Koons (1955-), Warhol de segunda O que pensamos hoje: Jeff Koons é um dos artistas vivos mais cotados. Goste ou não, suas exposições se convertem em blockbusters capazes de atrair milhares de espectadores. O Guggenheim de Bilbao exibe seu gigantesco e florido Puppy na entrada, além de um igualmente enorme ramalhete de Tulipas metálico em uma de suas esplanadas. É quiçá o artista contemporâneo que de maneira mais literal e extrema representou a sociedade do espetáculo e sua ancoragem na economia capitalista.

      O que disseram então: Em 1989, quando já desfrutava de um reconhecimento invejável para qualquer outro artista, o crítico Mark Stevens escreveu na edição norte-americana Vanity Fair as palavras definitivas sobre sua obra: “seja o que for que diz Koons, Warhol o disse melhor”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Poucos anos após o escândalo da Olympia de Manet, um jovem Cézanne homenageou ao quadro original com uma obra ainda mais atrevida, que hoje poderia passar por uma criação criada em um século mais tarde pelo menos. E nos vem à cabeça o alemão Georg Baselitz, por exemplo.    O que disseram então:  Quando foi apresentado na primeira exposição impressionista de 1874, o crítico Marc de Montifaud escreveu: “Monsieur Cézanne dá a mera impressão de ser uma espécie de louco que pinta em um estado de delirium tremens”.
      3“Uma Olympia moderna” (1873-1874), de Paul Cézanne: delirum tremens O que pensamos hoje: Poucos anos após o escândalo da Olympia de Manet, um jovem Cézanne homenageou ao quadro original com uma obra ainda mais atrevida, que hoje poderia passar por uma criação criada em um século mais tarde pelo menos. E nos vem à cabeça o alemão Georg Baselitz, por exemplo.

      O que disseram então: Quando foi apresentado na primeira exposição impressionista de 1874, o crítico Marc de Montifaud escreveu: “Monsieur Cézanne dá a mera impressão de ser uma espécie de louco que pinta em um estado de delirium tremens”.

    •   O que pensamos hoje : Um dos maiores pintores de todos os tempos. E dos mais originais. Seu estilo, um farol da escola maneirista veneziana, mudou espetacularmente desde os inícios caracterizados pelo desenho primoroso até uma pincelada cada vez mais solta e uma forma mais turva que para alguns inauguraria a linha que levou até a pintura abstrata.    O que disseram então:  Esta ousadia formal levou o tratadista Francisco Pacheco a lamentar em uma obra editada em 1649 seus “borrões e falta de técnica, estudo e atenção na hora de desenhar”.
      4Tiziano Vecellio (c.1477-1576) e os borrões O que pensamos hoje: Um dos maiores pintores de todos os tempos. E dos mais originais. Seu estilo, um farol da escola maneirista veneziana, mudou espetacularmente desde os inícios caracterizados pelo desenho primoroso até uma pincelada cada vez mais solta e uma forma mais turva que para alguns inauguraria a linha que levou até a pintura abstrata.

      O que disseram então: Esta ousadia formal levou o tratadista Francisco Pacheco a lamentar em uma obra editada em 1649 seus “borrões e falta de técnica, estudo e atenção na hora de desenhar”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Nascido em Creta, Doménikos Theotokópoulos é considerado um dos maiores pintores da história. Há poucos anos uma obra sua, “Santo Domino rezando”, converteu-se na obra de pintura antiga espanhola mais cara ao ser vendida em leilão por quase 11 milhões de euros. E quadros como “O enterro do conde Orgaz” ou “O espólio” são universalmente reconhecidos como obras magistrais.    O que disseram então:  Em vida teve muitas dificuldades para impor seu estilo, enfrentou rejeição de oponentes tão poderosos quanto o rei Felipe II, e não chegou ao século XIX, quando se valorizou sua obra, sobretudo graças aos críticos franceses e britânicos. O pintor e tratadista espanhol Antonio Palomino escreveu sobre ele em 1724: “Vendo que suas pinturas se chocavam com as de Tiziano, tratou de mudar o estilo, com tal extravagância, que chegou a fazer desprezível e ridícula sua pintura, tanto no desconectado do desenho quanto no desabrido da cor”.
      5El Greco (1541-1614), “ridículo e desprezível” O que pensamos hoje: Nascido em Creta, Doménikos Theotokópoulos é considerado um dos maiores pintores da história. Há poucos anos uma obra sua, “Santo Domino rezando”, converteu-se na obra de pintura antiga espanhola mais cara ao ser vendida em leilão por quase 11 milhões de euros. E quadros como “O enterro do conde Orgaz” ou “O espólio” são universalmente reconhecidos como obras magistrais.

      O que disseram então: Em vida teve muitas dificuldades para impor seu estilo, enfrentou rejeição de oponentes tão poderosos quanto o rei Felipe II, e não chegou ao século XIX, quando se valorizou sua obra, sobretudo graças aos críticos franceses e britânicos. O pintor e tratadista espanhol Antonio Palomino escreveu sobre ele em 1724: “Vendo que suas pinturas se chocavam com as de Tiziano, tratou de mudar o estilo, com tal extravagância, que chegou a fazer desprezível e ridícula sua pintura, tanto no desconectado do desenho quanto no desabrido da cor”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  A partir dos olhos contemporâneos trata-se de um nu de extraordinária beleza. A combinação do sereno classicismo com a vivacidade da arte da segunda metade do XIX resulta muito sedutora. E quem quer que visite um par de bons museus em sua vida pode identificar as referências às Vênus e Dánaos de Giorgione ou Tiziano, entre outras obras mestres.    O que disseram então:  Mas, então, quase ninguém viu nada disso. Ao público francês a obra pareceu de uma fealdade insuportável, e ele foi em massa ao Salão de Paris com o único propósito de debochar daquela representação de uma prostituta gorda de olhar vicioso. Por sua vez, a crítica a comparou com um pesadelo de Edgar Allan Poe ou uma vagabunda das periferias, embora uma das definições mais celebradas tenha vindo de Amédée Cantaloube, que escreveu em Le  Grand Journal : “É uma espécie de gorila fêmea, um grotesco de borracha”.
      6“Olympia” (1863), de Édouard Manet: a mulher gorila O que pensamos hoje: A partir dos olhos contemporâneos trata-se de um nu de extraordinária beleza. A combinação do sereno classicismo com a vivacidade da arte da segunda metade do XIX resulta muito sedutora. E quem quer que visite um par de bons museus em sua vida pode identificar as referências às Vênus e Dánaos de Giorgione ou Tiziano, entre outras obras mestres.

      O que disseram então: Mas, então, quase ninguém viu nada disso. Ao público francês a obra pareceu de uma fealdade insuportável, e ele foi em massa ao Salão de Paris com o único propósito de debochar daquela representação de uma prostituta gorda de olhar vicioso. Por sua vez, a crítica a comparou com um pesadelo de Edgar Allan Poe ou uma vagabunda das periferias, embora uma das definições mais celebradas tenha vindo de Amédée Cantaloube, que escreveu em Le Grand Journal: “É uma espécie de gorila fêmea, um grotesco de borracha”.

    •   O que pensamos hoje:  A pintura pré-rafaelita está na moda nos tempos que correm. Quiçá porque seu regresso à pureza das fontes antigas supõe um alívio em frente ao 'stress' tecnológico e o excesso de imagem digital. De fato, algumas destas obras atingem preços astronômicos nos leilões, como ocorreu em 2013 com “Love among the ruins”, de Sir Edward Burne-Jones (1833-1898), vendida por 17 milhões de euros. Isso para não falar do revival de William Morris que invocou Loewe.    O que disseram então:  A pretensão de regressar a um ponto anterior ao maneirismo foi bastante discutida, e seus resultados foram acusados não só de conservadores, mas também de feios. Como prova, destacamos a reação diante a esta obra de Millais (o autor da célebre “Ofélia”) por parte de um inimigo com tanto peso quanto o romancista Charles Dickens, que em sua revista  Household Words  a descreveu assim: “uma horripilante, chorosa criança ruiva com o pescoço ladeado e em camisola que parece ter recebido um empurrão que q jogou em um riacho próximo, incorporando para a contemplação de uma mulher ajoelhada, tão horrível em sua fealdade (supondo que fosse possível, nem por um momento, que existisse uma criatura humana com essa garganta deslocada) que se destaca do resto da companhia como um monstro no cabaré mais vil da França ou na loja de gim mais vulgar da Inglaterra”.
      76. “Cristo na casa de seus pais” (1850), de John Everett Millais: a criança horripilante e o cabaré monstruoso O que pensamos hoje: A pintura pré-rafaelita está na moda nos tempos que correm. Quiçá porque seu regresso à pureza das fontes antigas supõe um alívio em frente ao ‘stress’ tecnológico e o excesso de imagem digital. De fato, algumas destas obras atingem preços astronômicos nos leilões, como ocorreu em 2013 com “Love among the ruins”, de Sir Edward Burne-Jones (1833-1898), vendida por 17 milhões de euros. Isso para não falar do revival de William Morris que invocou Loewe.

      O que disseram então: A pretensão de regressar a um ponto anterior ao maneirismo foi bastante discutida, e seus resultados foram acusados não só de conservadores, mas também de feios. Como prova, destacamos a reação diante a esta obra de Millais (o autor da célebre “Ofélia”) por parte de um inimigo com tanto peso quanto o romancista Charles Dickens, que em sua revista Household Words a descreveu assim: “uma horripilante, chorosa criança ruiva com o pescoço ladeado e em camisola que parece ter recebido um empurrão que q jogou em um riacho próximo, incorporando para a contemplação de uma mulher ajoelhada, tão horrível em sua fealdade (supondo que fosse possível, nem por um momento, que existisse uma criatura humana com essa garganta deslocada) que se destaca do resto da companhia como um monstro no cabaré mais vil da França ou na loja de gim mais vulgar da Inglaterra”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Considerada de maneira geral como a cúpula da criação humana, esta série de frescos que decoram os tetos da capela Sistina do Palácio do Vaticano é um bastião cultural indiscutível.    O que disseram então:  São bem conhecidos os confrontos entre Michelangelo e o Papa Julio II durante todo o processo criativo. Segundo contava Giorgio Vasari, quando o Papa perguntou a seu mestre de cerimônias Biagio dá Cesena o que lhe parecia a obra, ele respondeu que aquilo parecia a decoração de banheiros públicos ou um botequim. Quiçá inspirado por estas palavras, o escritor Pietro Aretino (curiosamente conhecido por seus textos licenciosos) faria público em 1547 seu ataque contra a falta de decoro da obra em uma carta em que afirmava que a arte de Michelangelo era apropriado: “Para uma casa de banhos, não para uma capela celestial”.
      8Afrescos de “A Capela Sistina” (1508-1512, 1536-1541), de Michelangelo: arte de sauna O que pensamos hoje: Considerada de maneira geral como a cúpula da criação humana, esta série de frescos que decoram os tetos da capela Sistina do Palácio do Vaticano é um bastião cultural indiscutível.

      O que disseram então: São bem conhecidos os confrontos entre Michelangelo e o Papa Julio II durante todo o processo criativo. Segundo contava Giorgio Vasari, quando o Papa perguntou a seu mestre de cerimônias Biagio dá Cesena o que lhe parecia a obra, ele respondeu que aquilo parecia a decoração de banheiros públicos ou um botequim. Quiçá inspirado por estas palavras, o escritor Pietro Aretino (curiosamente conhecido por seus textos licenciosos) faria público em 1547 seu ataque contra a falta de decoro da obra em uma carta em que afirmava que a arte de Michelangelo era apropriado: “Para uma casa de banhos, não para uma capela celestial”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Costuma se falar dela como a obra de arte mais influente do século XX junto da  Fonte  de Duchamp. Podem ser encontrado nela inspirações como El Greco, a arte ibérica ou a escultura africana. Durante quase uma década mal foi vista por alguém além do meio mais próximo de seu autor, até sua apresentação pública em 1916 no Salon d’Antin, em um local que pertencia ao costureiro e amante da arte Paul Poiret.    O que disseram então:  A Europa estava então em plena Guerra Mundial. E a crítica da publicação  Le Cri de Paris  rezava o seguinte: “Os cubistas não podem esperar que termine a guerra para recomeçar suas hostilidades contra o sentido comum”.
      9“Les demoiselles d’Avignon” (1907), de Pablo Picasso: contra o sentido comum O que pensamos hoje: Costuma se falar dela como a obra de arte mais influente do século XX junto da Fonte de Duchamp. Podem ser encontrado nela inspirações como El Greco, a arte ibérica ou a escultura africana. Durante quase uma década mal foi vista por alguém além do meio mais próximo de seu autor, até sua apresentação pública em 1916 no Salon d’Antin, em um local que pertencia ao costureiro e amante da arte Paul Poiret.

      O que disseram então: A Europa estava então em plena Guerra Mundial. E a crítica da publicação Le Cri de Paris rezava o seguinte: “Os cubistas não podem esperar que termine a guerra para recomeçar suas hostilidades contra o sentido comum”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Estamos perante o artista mais influente na criação do século XX ao lado de Picasso. Se o espanhol tratou sempre de construir novos modos de expressão, o esforço de Duchamp era mais bem destrutivo. E se não o destruiu, ao menos lucrou depois ao mudar a concepção da arte, acelerando uma mudança que vinha se desenhando desde os tempos de Velázquez. Com ele, o importante já não era uma determinada habilidade técnica, mas um exercício mental: qualquer coisa podia ser considerada arte, se o artista assim o tinha decidido. Sua  Fonte (1917)  -na realidade, um urinol marcado com a assinatura de um tal R. Mutt-, que recentemente foi atribuído a Elsa von Freytag-Loringhoven, é uma das obras de arte mais conhecidas das primeiras vanguardas, e sua influência se estende ao pop, o  movimento povera  e todas as formas de arte conceitual até hoje.    O que disseram então:  Lá por 1915, assim despachou duas de suas obras William B. McCormick em  The New York Press : “Não é fácil levar sério como 'arte' tais evocações mecânicas”.
      10Marcel Duchamp (1887-1968): mas isso é arte? O que pensamos hoje: Estamos perante o artista mais influente na criação do século XX ao lado de Picasso. Se o espanhol tratou sempre de construir novos modos de expressão, o esforço de Duchamp era mais bem destrutivo. E se não o destruiu, ao menos lucrou depois ao mudar a concepção da arte, acelerando uma mudança que vinha se desenhando desde os tempos de Velázquez. Com ele, o importante já não era uma determinada habilidade técnica, mas um exercício mental: qualquer coisa podia ser considerada arte, se o artista assim o tinha decidido. Sua Fonte (1917) -na realidade, um urinol marcado com a assinatura de um tal R. Mutt-, que recentemente foi atribuído a Elsa von Freytag-Loringhoven, é uma das obras de arte mais conhecidas das primeiras vanguardas, e sua influência se estende ao pop, o movimento povera e todas as formas de arte conceitual até hoje.

      O que disseram então: Lá por 1915, assim despachou duas de suas obras William B. McCormick em The New York Press: “Não é fácil levar sério como ‘arte’ tais evocações mecânicas”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Freud é quiçá, junto com Francis Bacon, o artista britânico mais apreciado da segunda metade do século XX. A crítica contemporânea destaca a complexidade e precisão psicológica de seus retratos, e o realismo na representação da figura humana. Assim retratou pessoas tão variadas quanto o performer Leigh Bowery ou o barão Heinrich Thyssen, em uma de suas melhores obras (que no entanto para Carmen Thyssen não tinha muita graça, ao que parece).    O que disseram então:  Mas em 1944, quando Freud tinha 21 anos e era sobretudo o neto do inventor da psicanálise, apresentava sua primeira exposição individual na galeria Lefevre. O crítico Michael Ayrton disse ao vê-la que “a forma humana é uma derrota para ele, porque não a observa como se faz com os pássaros mortos”.
      11Lucien Freud (1922-2011), pintor de pássaros mortos O que pensamos hoje: Freud é quiçá, junto com Francis Bacon, o artista britânico mais apreciado da segunda metade do século XX. A crítica contemporânea destaca a complexidade e precisão psicológica de seus retratos, e o realismo na representação da figura humana. Assim retratou pessoas tão variadas quanto o performer Leigh Bowery ou o barão Heinrich Thyssen, em uma de suas melhores obras (que no entanto para Carmen Thyssen não tinha muita graça, ao que parece).

      O que disseram então: Mas em 1944, quando Freud tinha 21 anos e era sobretudo o neto do inventor da psicanálise, apresentava sua primeira exposição individual na galeria Lefevre. O crítico Michael Ayrton disse ao vê-la que “a forma humana é uma derrota para ele, porque não a observa como se faz com os pássaros mortos”.

      GETTY IMAGES

    •   O que pensamos hoje:  Quando em 1924 André Breton e os seus publicaram o Primeiro Manifesto Surrealista, deixaram claro que o que pretendiam era mudar o mundo a partir de uma perspectiva revolucionária baseada no marxismo e na psicanálise. Mas depois o mercado enguliu o movimento para acabar com estas pretensões, de forma que hoje uma exposição de Dalí arrasta massas aos museus, e a publicidade, o vitrinismo e inclusive o desenho industrial utilizam o surrealismo como mais um recurso visual.    O que disseram então:  Um revolucionário nada. Para o influente crítico Clement Greenberg, a pujança do surrealismo era um passo atrás, uma autêntica ameaça contra a arte abstrata, que ele considerava o primeiro estilo artístico original desde a Revolução Francesa (?). Escreveu: “A imagem surrealista proporciona à pintura novos episódios para ilustrar, assim como a atualidade proporciona novos temas ao caricaturista político… [O Surrealismo] promoveu a reabilitação da arte acadêmica sob um novo disfarce literário”.
      12Greenberg e o surrealismo O que pensamos hoje: Quando em 1924 André Breton e os seus publicaram o Primeiro Manifesto Surrealista, deixaram claro que o que pretendiam era mudar o mundo a partir de uma perspectiva revolucionária baseada no marxismo e na psicanálise. Mas depois o mercado enguliu o movimento para acabar com estas pretensões, de forma que hoje uma exposição de Dalí arrasta massas aos museus, e a publicidade, o vitrinismo e inclusive o desenho industrial utilizam o surrealismo como mais um recurso visual.

      O que disseram então: Um revolucionário nada. Para o influente crítico Clement Greenberg, a pujança do surrealismo era um passo atrás, uma autêntica ameaça contra a arte abstrata, que ele considerava o primeiro estilo artístico original desde a Revolução Francesa (?). Escreveu: “A imagem surrealista proporciona à pintura novos episódios para ilustrar, assim como a atualidade proporciona novos temas ao caricaturista político… [O Surrealismo] promoveu a reabilitação da arte acadêmica sob um novo disfarce literário”.

      GETTY IMAGES

  •   O que pensamos hoje.  O Guggenheim de Nova York é há décadas um dos edifícios mais admirados dentro do próprio grêmio arquitetônico. Foi inaugurado integralmente seis meses após a morte de seu autor, Frank Lloyd Wright, e todo mundo ficou assombrado por seu original interior em espiral e seu exterior em forma de cone. Hoje é além disso um dos monumentos mais visitados da cidade.    O que disseram então.  Nem todo mundo estava tão satisfeito quando o museu abriu suas portas. Lewis Mumford queixava-se na revista 'The New Yorker' do teto baixo, o excesso de luz natural e as dificuldades expositivas que criavam as paredes curvas e inclinadas. E acrescentava: “o vazio triunfo de Wright é algo muito mau porque cede o peso de seu gênio à aberração de moda do momento, a curiosa crença de que os aspectos funcionais da arquitetura são irrelevantes […] Os maiores não deveriam dar um mau exemplo aos jovens, e o maior de nossos mestres arquitetônicos não devia, enquanto ainda estava são e em plenas faculdades mentais, ter agregado tal codicilo a sua última vontade e testamento”.
    13Museu Guggenheim de Nova York (1959), de Frank Lloyd Wright. Um mau exemplo O que pensamos hoje. O Guggenheim de Nova York é há décadas um dos edifícios mais admirados dentro do próprio grêmio arquitetônico. Foi inaugurado integralmente seis meses após a morte de seu autor, Frank Lloyd Wright, e todo mundo ficou assombrado por seu original interior em espiral e seu exterior em forma de cone. Hoje é além disso um dos monumentos mais visitados da cidade.

    O que disseram então. Nem todo mundo estava tão satisfeito quando o museu abriu suas portas. Lewis Mumford queixava-se na revista ‘The New Yorker’ do teto baixo, o excesso de luz natural e as dificuldades expositivas que criavam as paredes curvas e inclinadas. E acrescentava: “o vazio triunfo de Wright é algo muito mau porque cede o peso de seu gênio à aberração de moda do momento, a curiosa crença de que os aspectos funcionais da arquitetura são irrelevantes […] Os maiores não deveriam dar um mau exemplo aos jovens, e o maior de nossos mestres arquitetônicos não devia, enquanto ainda estava são e em plenas faculdades mentais, ter agregado tal codicilo a sua última vontade e testamento”.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *