Cara de pau: Em luta contra privatização da Chesf, Paulo Câmara contrata consultoria para privatização da Copergás

 

Sem alarde, segue a licitação para contratação de uma consultoria para reformular a estrutura interna da Copergás, estatal estadual de gás. O objetivo, segundo fontes sob reserva do Estado, é adequar a estrutura da empresa para a futura privatização, já admitida pelo Estado.

O movimento do governo Paulo Câmara (PSB) sobre a Copergás vem ao mesmo tempo que parlamentares federais e estaduais de vários partidos trabalham contra a privatização da Chesf, subsidiária da Eletrobrás. A frente contra a privatização da Eletrobrás no Congresso Nacional é presidida pelo deputado Danilo Cabral e, na Assembleia, pelo deputado Lucas Ramos, ambos do mesmo partido do governador.

O governador chegou a fazer um ato, no Palácio do Campo das Princesas, contra a privatização da Chesf, em 2 de outubro. No ato, com a participação do PT, teve voz até o senador Humberto Costa, líder petista no Senado.

Sobre a privatização da Copergás, Paulo Câmara já se manifestou ao JC, em setembro.

“Temos que ter a consciência que privatizar pode ocorrer. Já ocorreu em muitos momentos das décadas recentes. Algumas foram muito importantes. Outras eu entendo que poderiam ser melhor feitas. Eu acho que o momento agora é de ter muita serenidade. Não podemos vender patrimônio público apenas para tapar rombo”, disse o governador, em setembro.

A vencedora da licitação foi a consultoria internacional Deloitte, com sede no Reino Unido, que já ajudou na privatização de várias empresas estatais em vários governos federais e estaduais. A consultoria possui hoje 700 escritórios em mais de 150 países.

Num momento em que o governador Paulo Câmara (PSB) assinou uma carta junto com outros governadores do Nordeste pedindo ao governo federal a não-privatização da Chesf, o socialista declarou que aguarda o resultado de um estudo para definir se privatiza ou não a Copergás. No final de julho, o BNDES divulgou um edital para a contratação de consultorias para realizar o estudo de estruturação e implementação da venda de ativos da empresa. Segundo Paulo Câmara, o momento é de esperar a crise econômica passar para avaliar a possibilidade da empresa de gás pernambucana.

“Temos que ter a consciência que privatizar pode ocorrer. Já ocorreu em muitos momentos das décadas recentes. Algumas foram muito importantes. Outras eu entendo que poderiam ser melhor feitas. Eu acho que o momento agora é de ter muita serenidade. Não podemos vender patrimônio público apenas para tapar rombo”, disse o governador, ontem, após agenda no Palácio do Campo das Princesas.

Ainda de acordo com o socialista, caso seja vendida hoje, o governo perderia recursos com a transação.

“Mais na frente, quando os estudos estiverem prontos, a gente vai analisar qual o melhor caminho para o futuro. Mas, com certeza, não será em um momento de crise como este. Porque crise não é o momento certo de vender ativos, nem de buscar alternativas para essas questões”, acrescentou.

COMO SERÁ A PRIVATIZAÇÃO?

Segundo o vice-governador Raul Henry (PMDB), secretário estadual de Desenvolvimento Econômico, o cronograma do termo firmado com o BNDES prevê que, se houver todos os indicativos positivos e a privatização da Copergás seja aprovada, a operação ocorreria no final do próximo ano. No momento, porém, não há definição sobre a entrega da companhia para a iniciativa privada. Se isso ocorrer, porém, a venda seria executada pelo próprio banco federal.

“Nós estamos levantando números para não estar apresentando coisas improvisadamente. O que o BNDES está fazendo é um estudo sobre as vantagens e desvantagens de privatizar a Copergás”, explica Henry.

Ele descartou, porém, outros modelos como opções para a estatal, como uma Parceria Público-Privada (PPP).

“Ou é vender as ações do Estado, ou não vender. Ou vender parte. Isso é o estudo que vai responder”, cravou.

Para o vice-governador, não é contraditório criticar a venda da Chesf e conduzir a privatização da Copergás.

“Essa discussão não é única: ou você é contra ou a favor da privatização. O governo Fernando Henrique privatizou a telefonia e foi muito bom para o País. Privatizou a ferrovia e foi muito ruim. Cada caso é um caso. Pessoalmente, defendo que o Estado fique onde é estratégico a presença do Estado”, argumenta. (JC)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *