Axé está em crise?

Carnaval de Salvador vive dilema e abertura para outros ritmos; Axé está em crise? 
Por Gabriel Vaquer
Carnaval de Salvador vive dilema e abertura para outros ritmos
Érica Saraiva e Pio Medrado
Faltando três semanas para o Carnaval, Salvador está em plena ebulição esperando os seis dias de folia. Com mais de 28 blocos, 19 camarotes e cerca de um milhão de pessoas de todo o Brasil, o evento da Bahia é o maior de rua do mundo.

Até o domingo de folia, o NaTelinha apresentará uma série de três matérias mostrando o motivo do fascínio do público brasileiro pela festa no estado nordestino. Mas este Carnaval está sendo mais esperado do que o normal.

A tese de que o axé está em crise tem ecoado com força, principalmente quando se nota que o camarote mais disputado é o Villa Mix, dedicado ao sertanejo. Além disso, a favorita para música do verão é a Banda Vingadora: com menos de um ano de formação, a música “Metralhadora” já está tocando em todo o Brasil, mas é do ritmo chamado “arrochadeira”, mistura de pagode baiano, com arrocha e ritmos mais populares. Só que os grandes nomes ainda continuam lá: Daniela Mercury, Bell Marques, Ivete Sangalo, Claudia Leitte, Carlinhos Brown, Durval Lelys.
Este ano, além dos já tradicionais circuitos Barra-Ondina e Campo Grande, haverá um exclusivo para manifestações culturais da cultura afro, chamado de Afródromo. Haverá ainda uma programação de carnaval descentralizada e alternativa, como no Palco do Rock, Villa Infantil e no Carnaval dos Bairros, que acontece em bairros populares como Cajazeiras, Periperi, Plataforma, Pau da Lima e em outras regiões.
Recentemente, o governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou que Ivete e Bell farão um shows sem cordas. Estima-se que o governo tenha pago cerca de 800 mil reais pelos dois, valor alto em tempos de crise. Porém, este trio deverá atrair muitas pessoas que ainda não podem comprar o abadá, devido ao preço um pouco mais alto que o comum. O grande dilema para o Carnaval é se reinventar: mostrar que mesmo com a tal crise do axé, outros ritmos estão em alta e a Bahia não perde interesse.
Axé está em crise? 
Para ajudar a entender o Carnaval da Bahia, o NaTelinha foi até Salvador ouvir figuras conhecidas e entendidas do assunto: Érica Saraiva e Pio Medrado, apresentadores do programa “Festa & Folia”, na rádio Transamérica FM. Um dos mais tradicionais do gênero, a atração é diária e mostra o dia a dia do axé.
Para Érica, que até bem pouco tempo era apresentadora do “Bom D+”, da Record Bahia, o axé não está em crise: “A nova geração que surgiu, juntamente com a geração de empreendedores de axé, movimentou o mercado, dando sangue novo, ares novos, produzindo coisas. Isso cutucou os grandes. Com a mudança de casa dos grandes – vemos o Durval sem o Asa de Águia, o Bell sem o Chiclete -, eles começaram a tentar encontrar elementos para incorporar novidades para a música dele. A gente recebeu o Bell recentemente, e o brilho nos olhos dele não é o mesmo, porque é diferente, é um frio na barriga diferente”.
Para a jornalista e apresentadora, a briga pela música do Carnaval ainda é dura, mesmo com francos favoritos: “A gente vê Márcio Victor e o Psirico, com um novo DVD cheio de músicas novas e muito boas. Ele escolheu ‘Pega-Pega’. Não é minha favorita, mas é muito boa. Quando estava no ‘Bom D+’, ele apresentou várias músicas novas em primeira-mão no programa, pelo menos umas quatro, cinco músicas muito boas, bem grude, que a gente quer dançar. Outro destaque, que é preciso frisar, mesmo sendo redundante: que disco novo lindo do Harmonia do Samba! Pra mim, é o melhor disco de pagode do Brasil, incluindo o conceito de pagode do Rio e São Paulo, mais próximo do samba”.
Para Pio Medrado, as grandes favoritas são o tradicional É o Tchan e Vingadora: “O É o Tchan está aí, estourado, com o ritmo bem deles, tradicional. Tem a menina nova, Vingadora, com o ritmo mais da moda e muito forte. Tem o Bell revitalizando aquele axé antigo Chiclete com Banana com ‘Cabelo de Chapinha’. São três ritmos diferentes, que estão brigando muito pela música do Carnaval. E eles mostram bem o que é o Carnaval é uma mistura de ritmos, de raça e de cor”.

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