Um casal de universitários cariocas sofreu uma série de ameaças na noite do último sábado, quando iam de metrô de Vicente de Carvalho a Copacabana. O estudante de Publicidade Iago Patrício, em seu Facebook, compartilhou os momentos de tensão que viveu ao lado do namorado, Hyago Bandeira, estudante de Ciência Política.
Os dois estavam de pé em um vagão quando, na estação de Vicente de Carvalho, dois lugares ficaram desocupados ao lado de um senhor em torno dos 50 anos. “Pode ir parando com a viadagem” e “Se sentarem do meu lado eu vou meter a porrada”: estas foram algumas das ameaças que os dois rapazes escutaram.
— Achei que ele ia bater na gente. Disse que era parente de militar e que ao descermos do metrô íamos nos dar mal — relata Iago, que estava levando o namorado até sua casa, em Copacabana.
O agressor, no entanto, foi surpreendido pela reação de outros passageiros, que o intimidaram e ajudaram o casal, muito “assustado e chocado”, segundo o relato de Iago.
— Em São Cristóvão, descemos sob orientação de seguranças do metrô, que já pareciam saber que havia algo de errado. Lá, fomos abordados por um policial que chegou a ordenar que o homem nos pedisse desculpas — conta Iago, ainda revelando que o agressor teria oferecido dinheiro ao casal para que todo o incidente fosse encerrado ali — Não aceitamos, obviamente. E chamamos uma viatura da PM, já que o policial que nos atendeu não podia sair da estação.
Entre a chamada e a chegada da viatura, Iago conta que a espera foi de três horas. Por volta de 23h30, os rapazes e o agressor foram levados à 17ª Delegacia de Polícia, em São Cristóvão. De lá, foram encaminhados à Cidade da Polícia, onde, enfim, foi feito o registro de ocorrência, por volta de 1h da manhã.
— O pior de tudo: eu tinha prova de vestibular da Uerj na manhã de domingo, já deveria estar dormindo — relembra Iago, que, apesar dos pesares, compareceu à prova e acredita ter ido bem.
O jovem afirma que pretende dar sequência a um processo contra o agressor, liberado após o registro do caso. No histórico de Iago e Hyago, constam outras agressões sofridas, mas nenhuma no nível do horror vivenciados pelos dois no último sábado.
— Já tacaram garrafas de plástico na gente, já ouvimos diversas gracinhas, mas esta foi a primeira vez que achei que seria agredido fisicamente. E por isso quis compartilhar minha história, para que outras pessoas não desistam. Por mais que esperem horas pela chegada da polícia ou para que a agressão demore a ser registrada, não podem desistir. Chega de ficarmos calados — desabafa Iago.