Caso padre Airton Freire: religioso e mais dois viram réus na Justiça por crimes sexuais

Cinco inquéritos, dos quais dois já foram concluídos, acusam o religioso de práticas sexuais sem consentimento

Polícia criou canal exclusivo para receber denúncias sexuais que envolvam o padre e psicólogo Airton Freire de Lima
Polícia criou canal exclusivo para receber denúncias sexuais que envolvam o padre e psicólogo Airton Freire de Lima – Foto: Divulgação/Fundação Terra
Padre Airton Freire de Lima, de 67 anos, o motorista dele, Jailson Leonardo da Silva, de 46, e o funcionário responsável pelas gravações dos eventos na Fundação Terra, Landelino Rodrigues da Costa Filho, de 34, se tornaram réus na Justiça pela prática de crimes sexuais. 

A informação foi confirmada à reportagem pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE).

Jailson Leonardo da Silva (à esquerda) e Landelino Rodrigues da Costa Filho (à direita) | Foto: Arquivo pessoal

Padre Airton Freire de Lima, que também é psicólogo, está preso de modo preventivo desde o mês passado. Ele estava numa cela individual do Presídio Advogado Brito Alves, em Arcoverde, quando deixou o espaço para ser internado no Real Hospital Português (RHP), no Recife, depois de ter sofrido um pico de pressão alta.

Sílvia Tavares foi a primeira pessoa a denunciar o religioso. Após isso, outras apareceram e foi criada uma força-tarefa pela Polícia Civil de Pernambuco (PCPE), com cinco delegadas na coordenação.

Até o momento, existem cinco inquéritos contra o padre, dos quais dois já foram encerrados. A expectativa é de que a partir da apuração e coleta de provas, novos inquéritos sejam instaurados.

Pessoas de outros estados também estão sendo ouvidas atualmente pelas autoridades. O alcance do crime, inclusive, pode ultrapassar as fronteiras do Brasil, por conta das tradicionais “caravanas” promovidas pela Fundação Terra.

Denúncias e informações
Foi criado um canal exclusivo, através do número de telefone (81) 994887082, para receber denúncias sobre o caso do Padre Airton.

Por esse número, é possível também passar informações à polícia que possam ajudar nas investigações.

Delegada e diretora do Departamento de Polícia da Mulher (DPMUL), Fabiana Leandro reforçou o papel do serviço.

“A partir da primeira vítima, outras quebraram o silêncio. Criamos esse número exclusivo para o padre Airton, que é através do Departamento de Denúncia da Mulher. O contato está à disposição da população para outras vítimas realizarem denúncias, ou ainda testemunhas e colaboradores”, disse.

A delegada também explicou o que deve ser feito no caso de pessoas de fora de Pernambuco.

“Se as vítimas tiverem em outros estados, podem entrar em contato nesse mesmo número ou nas delegacias do seu estado, para que entrem em contato com a gente em Pernambuco, se o caso ocorreu aqui”, explicou.

O que diz a defesa do padre Airton
Em contato com a reportagem da Folha de Pernambuco, a defesa do padre Airton Freire, que vem sendo conduzida pelos advogados Eduardo Trindade, Marcelo Leal e Mariana Carvalho, disse que “existem provas técnicas e testemunhais, no âmbito dos dois inquéritos concluídos, que atestam que padre Airton é inocente”.

Também ressaltou que a Polícia Civil de Pernambuco (PCPE) e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) “não se pronunciaram sobre a tentativa de extorsão praticada por uma das supostas vítimas”.

A defesa dele também alegou que a prisão preventiva do padre é ilegal. “A prisão preventiva do padre fere a legislação brasileira e o direito internacional pelos fatos já expostos à imprensa. O religioso, um homem doente de 67 anos, nunca tentou impedir as investigações, não coagiu testemunhas,  nunca representou ameaça de cometimento de crimes e se apresentou espontaneamente à Justiça”, disse em nota.

O que diz a defesa de Jailson Leonardo da Silva
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com a defesa do motorista Jailson Leonardo da Silva, mas não obteve respostas até a publicação desta matéria.

O que diz a defesa de Landelino Rodrigues da Costa Filho
A reportagem da Folha de Pernambuco entrou em contato com a defesa de Landelino Rodrigues da Costa Filho disse que “não tomou ciência nem teve acesso sobre as informações” que o tornou réu.

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