Caso prefeita cresça, Jerônimo avalia intervir na base em Vitória da Conquista para tentar unir candidatos ainda no primeiro turno
O governador Jerônimo Rodrigues (PT) acompanha com atenção o cenário eleitoral em Vitória da Conquista, terceira maior cidade da Bahia e onde foi derrotado nos dois turnos do pleito de 2022, em larga desvantagem, para o ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União). Como revelou a coluna Radar do Poder, o petista avalia intervir na sucessão municipal caso a prefeita Sheila Lemos (União), postulante à reeleição, cresça a ponto de ameaçar vencer no primeiro turno, conforme fontes ligadas ao Palácio de Ondina.
Entre hoje e amanhã deve ser divulgada uma pesquisa registrada na Justiça Eleitoral sobre a eleição em Conquista, realizada pelo instituto AtlasIntel. Nos levantamentos feitos internamente pelo PT, que tem como candidato o deputado federal Waldenor Pereira, Sheila lidera a disputa e haveria um empate técnico, na segunda posição, entre o petista e a vereadora Lúcia Rocha, concorrente do MDB e também aliada de Jerônimo.
“Vamos ter um cenário mais real sobre a eleição em Conquista a partir do dia 15 de setembro. Aí teremos um retrato do impacto do horário eleitoral. Acreditamos que, a partir do momento em que a parcela da população que não conhece o nosso candidato passar a conhecê-lo, vamos crescer bem. Hoje não vejo um risco de a prefeita vencer no primeiro turno. Então, acredito que esteja valendo o acordo que fizemos no conselho político de que a união da base governista se dará no segundo turno”, disse ao Política Livre o deputado estadual José Raimundo (PT), principal aliado de Waldenor na Suiça baiana.
O acordo, conforme reforçou José Raimundo, é que Jerônimo não vai participar da eleição em Vitória da Conquista no primeiro turno, ficando neutro. Tanto que a imagem do governador sequer tem sido usada de forma mais incisiva na campanha de Waldenor, que foca no presidente Lula (PT) como cabo eleitoral. A estratégia visa também impedir uma aproximação entre Lúcia e Sheila.
A candidata do MDB, por sinal, não tem usado as imagens de Jerônimo e nem de Lula na propaganda de campanha, o que gera desconfiança entre os petistas, assim como o fato de a emedebista ter ao lado apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), a exemplo do Coronel Esmeraldino, ex-secretário municipal de diversas pastas e que ensaiou uma candidatura a prefeito de Conquista, mas desistiu.
Histórico da esquerda
“Acho que não vai ter composição no primeiro turno porque a eleição é em dois turnos. De 1996 até aqui, nenhum candidato do PT apoiado pelos partidos de esquerda em Conquista teve menos do que 40% dos votos. Temos muita força política. Se houvesse uma composição no primeiro turno, teria que ser em favor de Waldenor, acredito. Mas não acho que isso vai acontecer”, declarou o deputado estadual Fabrício Falcão (PCdoB), outro representante da cidade na Assembleia Legislativa.
Os irmãos Vieira Lima, que comandam o MDB da Bahia, já disseram publicamente, em diversas ocasiões, que a candidatura de Lúcia segue até o final, e que a composição com o PT pode ocorrer apenas no segundo turno. O partido deve enviar nos próximos dias, inclusive, R$500 mil como doação de campanha para a filiada, por meio do fundo eleitoral. Waldenor, por sua vez, já recebeu mais de R$618 mil do PT nacional.
Em 2022, Waldenor teve mais de 32 mil votos para deputado federal apenas em Conquista, sendo o mais bem votado na disputa. Lúcia, que concorreu a deputada estadual, recebeu mais de 25 mil, ocupando a segunda posição, atrás de José Raimundo, agraciado também com mais de 32 mil votos.
A vereadora é, inclusive, a primeira suplente do MDB na Assembleia, e pode assumir caso Jerônimo convide um dos parlamentares da sigla para ocupar uma função no governo. Essa hipótese chegou a ser cogitada antes do início da disputa, mas foi descartada pela cúpula emedebista, que insistiu na candidatura de Lúcia.
Política Livre