Celular ‘desliga’ o cérebro: usar o aparelho suspende demais atividades cerebrais

Motorista flagrado falando ao celular enquanto dirige na Tijuca.
Motorista flagrado falando ao celular enquanto dirige na Tijuca. Foto: Márcio Alves
Evelin Azevedo

Já se tornou normal ver alguém dirigindo e mexendo no celular ao mesmo tempo. Se antes, os motoristas eram flagrados com os aparelhos nos ouvidos, agora, com a popularização dos smartphones, é comum vê-los digitando ou usando os pequenos computadores para ver e ouvir conteúdos. E essa nova realidade preocupa os médicos.

— O celular altera as ondas cerebrais de alguns pacientes, que ficam desconectados, como se estivessem em transe, fora de si. O cérebro foca na ação que está sendo feita no aparelho e perde a sintonia com o que ocorre ao redor — relata Ronald Farias, presidente da Sociedade Brasileira de Neurocirurgia.

Segundo a gestora de comunicação do Observatório Nacional de Segurança Viária, Daniela Gurgel, usar o telefone enquanto dirige tem se tornado tão perigoso quanto beber e assumir o volante:

— A pessoa não se embriaga numa segunda-feira de manhã, mas usa o celular o tempo inteiro. Isso é muito perigoso.

Educação de condutores pode ser saída

Apesar de campanhas publicitárias enfatizarem os perigos do uso do celular no volante, muitos condutores insistem em usar os aparelhos ao dirigir. Melhorar a formação é uma das soluções apontadas por Daniela Gurgel:

— O instrutor tem que ter a consciência de que ele tem que passar essa noção de responsabilidade para o novo condutor. Mostrar para o motorista e para a sociedade o risco que a distração ao volante causa. É tudo uma questão de se criar bons hábitos ao volante.

Responsável por fiscalizar os motoristas e aplicar multas em casos de infração, a Guarda Municipal do Rio Janeiro observa de perto a relação entre direção e celular. Para o inspetor Itaharassi Bonfim Junior, subdiretor de trânsito, as punições para motoristas que dirigem e falam ao celular deveriam ser mais severas, incluindo também os pedestres.

— A multa ainda tem um valor muito baixo e ainda não surte o efeito desejado. Além disso, muitas pessoas conseguem recorrer aos pontos na carteira. É o jeitinho brasileiro impedindo que as punições sejam aplicadas. Os pedestres que andam falando e mexendo no celular também deveriam ser multados — diz.

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