Células de gordura podem inibir a formação óssea, aponta pesquisa
Da Agência USP de notícias
Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP) da USP revela que substância encontrada em gordura inibe potencial de células-tronco para se diferenciarem em células ósseas. Num futuro próximo, a reposição de um pedaço qualquer de osso, seja a perda decorrente de acidente, doença ou envelhecimento natural, será possível com substâncias produzidas pelo próprio organismo humano. Essa previsão tem base: os avanços da terapia celular e da engenharia de tecidos.
Esse cenário ainda é futurista. Mas o grupo de pesquisa Biomateriais para Implante em Tecido Ósseo da FORP deu mais um passo rumo a essa realidade. O pesquisador e pós-graduando Rodrigo Paolo Flores Abuna, conseguiu identificar e comprovar em laboratório a ação de substância produzida por células de gordura, o fator de necrose tumoral alfa (TNF alfa, do inglês Tumor Necrosis Factor) que reduz a formação de tecido ósseo por inibir a diferenciação de células-tronco em osteoblastos (células que dão origem aos ossos).
Procurando a melhor técnica de reparo ósseo, Abuna utilizou culturas de células-tronco mesenquimais, que têm capacidade de se transformar em células de diferentes órgãos, inclusive em células de ossos, de duas fontes diferentes: da medula óssea e do tecido adiposo (gordura do organismo).
Medula é a melhor fonte
As células-tronco mesenquimais foram extraídas de ratos e cultivadas em meios osteogênico e adipogênico. O pesquisador observou que, apesar das duas culturas apresentarem potencial para a diferenciação de osteoblastos, as células da medula óssea “exibiram maior expressão gênica de marcadores ósseos e formação de nódulos semelhantes ao osso”.
Nesses experimentos também se verificou que, em células de gordura, a formação das células ósseas era menor. Por fim, os pesquisadores observaram que células de gordura inibiam a diferenciação de células-tronco de medula óssea em osteoblastos e que o responsável por essa inibição é o TNF alfa. Essas células-tronco — da medula óssea e do tecido adiposo — representam hoje “uma ferramenta atraente para a reparação do tecido ósseo baseada na terapia celular”, adianta o pesquisador
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