Certidão de óbito de Rubens Paiva é corrigida e aponta responsabilidade do Estado na ditadura

Documento reconhece morte violenta causada pelo regime militar

Certidão de óbito de Rubens Paiva retificada emitida pelo Cartório da Sé em São Paulo
Certidão de óbito de Rubens Paiva retificada emitida pelo Cartório da Sé em São Paulo (Foto: Reprodução)
A certidão de óbito de Rubens Paiva, ex-deputado federal desaparecido durante a ditadura militar brasileira, foi oficialmente corrigida para reconhecer que sua morte foi causada de forma violenta pelo Estado brasileiro no contexto da repressão política. A alteração atende a uma determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), emitida em dezembro de 2024, que obriga os cartórios a revisarem documentos de pessoas mortas e desaparecidas políticas. A informação foi revelada pela TV Globo e confirmada pela Folha de S. Paulo.

Na nova versão, o documento descreve a causa da morte como “não natural; violenta; causada pelo Estado brasileiro no contexto da perseguição sistemática à população identificada como dissidente política do regime ditatorial instaurado em 1964”. Até então, a certidão emitida pelo cartório da Sé, em São Paulo, limitava-se a declarar que Rubens Paiva estava desaparecido desde 1971, sem qualquer menção às circunstâncias ou à responsabilidade do regime militar.

A correção representa um marco na luta pela memória e pela verdade, tema central na obra cinematográfica “Ainda estou aqui”, dirigida por Walter Salles e baseada no livro homônimo de Marcelo Rubens Paiva, filho do ex-deputado. O filme, protagonizado por Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro, retrata a história de Eunice Paiva, mãe de Marcelo, e a busca da família por respostas após o desaparecimento de Rubens Paiva.

O longa brasileiro tem ganhado destaque internacional. Na quinta-feira (23), Fernanda Torres foi indicada ao Oscar de melhor atriz pelo papel no filme, que também concorre nas categorias de melhor filme e melhor filme internacional. A indicação reforça a relevância do tema abordado e mantém viva a memória das vítimas da ditadura militar, além de reacender debates sobre justiça e reparação histórica.

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