Em um momento emocionante durante o show, o cantor e compositor Chico Buarque “participou” da apresentação, por um vídeo especial e relembrou o período da ditadura, através deCálice, canção escrita por ele e Gilberto Gil em 1973, mas que foi lançada somente em 1978. Censurada pela ditadura militar, a canção foi liberada cinco anos depois e apareceu pela primeira vez no álbum Chico Buarque, tendo Milton Nascimento nos versos de Gil, e em seguida no álbum Álibi de Maria Bethânia.
“Essa música retrata bastante aquele momento político do Brasil e o ‘Cálice’, que é justamente a censura, o ‘Cálice’ do verbo calar. E essa música acabou sendo censurada, a música que falava da censura foi censurada. Começaram a desligar os microfones, desligaram o do Gil, desligaram o meu, foram desligando um a um”, afirmou Chico.
Gilberto Gil foi um dos maiores símbolos de resistência durante a ditadura militar no Brasil. Preso duas vezes em 1968 por suas músicas e ideais políticos, foi exilado para Londres, onde permaneceu até 1972. Durante esse período, Cálice se tornou um instrumento de protesto contra a repressão. Gil voltou ao Brasil em 1972, após a censura e o exílio.
Após a fala de Chico, foi a vez de Gil interpretar Cálice e emocionar ao exibir, no telão do palco, imagens de vítimas da ditadura, entre elas, o deputado Rubens Paiva, retratado no sucesso ‘Ainda Estou Aqui’ e o jornalista Vladimir Herzog, que atuou na Bahia. O amigo Caetano Veloso, que também chegou a ser preso no período, foi lembrado, para delírio da plateia.
Como resposta, Gil recebeu dos fãs um coro com o pedido: Sem Anistia!