Cidade-chave na luta antifascista, Bolonha preserva memória da resistência

A resistência antifascista durante a II Guerra Mundial permanece viva nas ruas, muros, becos e vielas de Bolonha. A cidade, que foi um dos principais locais da luta contra o governo de Benito Mussolini (1922 – 1943) e, posteriormente, contra a invasão das tropas nazistas (1943 – 1945), preserva marcas daquele período em sua arquitetura e história.

Em um passeio pelo centro da cidade, é possível encontrar diversos monumentos em homenagem às pessoas que, de diferentes formas, combateram o nazi-fascismo. A resistência, como organização armada e clandestina, baseada na estratégia de guerrilha, teve início apenas em setembro de 1943, com a invasão alemã. De desertores das Forças Armadas da Itália até combatentes da Guerra Civil Espanhola, o movimento dos partigiani (ou “partizans”) chegou a reunir cerca de 15 mil membros em Bolonha, entre homens e mulheres de diferentes idades.

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A resistência antifascista durante a II Guerra Mundial permanece viva nas ruas, muros, becos e vielas de Bolonha. A cidade, que foi um dos principais locais da luta contra o governo de Benito Mussolini (1922 – 1943) e, posteriormente, contra a invasão das tropas nazistas (1943 – 1945), preserva marcas daquele período em sua arquitetura e história.

Em um passeio pelo centro da cidade, é possível encontrar diversos monumentos em homenagem às pessoas que, de diferentes formas, combateram o nazi-fascismo. A resistência, como organização armada e clandestina, baseada na estratégia de guerrilha, teve início apenas em setembro de 1943, com a invasão alemã. De desertores das Forças Armadas da Itália até combatentes da Guerra Civil Espanhola, o movimento dos partigiani (ou “partizans”) chegou a reunir cerca de 15 mil membros em Bolonha, entre homens e mulheres de diferentes idades.

Sob a névoa característica do inverno bolonhês, os membros da resistência conseguiram fugir pelo canal. Apesar de avistados por soldados nazistas posicionados à frente, os guerrilheiros conseguiram passar, pois foram confundidos por uma tropa alemã. Enquanto isso, os partigiani que permaneceram nas redondezas do canal chamaram a atenção dos nazistas com tiros, atraindo-os para a Porta Lame. Concomitantemente, alguns membros do grupo conseguiram avisar outros batalhões da organização, que se mobilizaram e cercaram os nazistas naquele local.

3) Porta Lame: parte de uma muralha construída no século XIII e reformada em 1674, foi palco de uma das vitórias mais importantes da resistência italiana durante a ocupação alemã na Itália. Hoje, a vitória dos antifascistas é lembrada com a estátua de dois partigiani – um homem e uma mulher –, construída a partir do bronze extraído de um antigo monumento de Benito Mussolini.

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A obra, instalada em 1953, foi esculpida pelo artista bolonhês Luciano Minguzzi e foi premiada na competição para o “Monumento ao Prisioneiro Político Desconhecido”, organizada pela Tate Gallery (Londres) no mesmo ano. Além do monumento, uma placa lembra o nome dos guerrilheiros mortos na batalha. Segundo historiadores, os partigiani conseguiram vencer os oficiais nazistas no pé da porta.

4)  Cinemateca de Bolonha: a área ocupada, atualmente, pela Cinemateca de Bolonha e outros edifícios públicos foi de grande importância para a luta antifascista italiana. Além de ter servido como abrigo dos membros da resistência, também foi um dos locais da batalha da Porta Lame. Periferia da cidade na época da II Guerra, muitos grupos partigiani permaneciam escondidos na região, aonde recebiam mantimentos da população solidária à luta. Para preservar a memória da resistência, não foram construídos prédios privados no local.

5) Universidade de Bolonha: uma das mais antigas universidades do mundo, com fundação datada em 1008, a Universidade de Bolonha também foi campo de batalha no período nazi-fascista. Grande parte de seus professores, pesquisadores e alunos tiveram atuação importante na resistência, se opondo ao governo de Mussolini e, posteriormente, à ocupação nazista.

O atual prédio da Faculdade de História (Piazza San Giovanni in Monte, 2) era uma prisão utilizada para prender os membros da resistência. No local, ocorreu uma das ações de boicote da luta antifascista mais bem sucedida em Bolonha: os partigiani capturaram um carro nazista e disfarçados com as roupas dos militares alemães, conseguiram entrar na prisão e libertar outros companheiros.

6) “Gueto” judeu (via Dell Inferno x Piazzeta Marco Biagi): grande parte dos judeus que vivia em Bolonha, durante o governo fascista, residia em uma região do centro da cidade em pequenos sobrados. A área foi alvo de investidas no governo de Mussolini e, posteriormente, durante a ocupação nazista. Estima-se que cerca de mil judeus lá viviam na época, dos quais 500 foram deportados para campos de concentração e apenas 100 conseguiram sobreviver. Centenas conseguiram escapar do extermínio com a ajuda de italianos, que os abrigavam em suas casas, assumindo correr riscos de represálias.

7) Monumento às mulheres da resistência (Parque de Villa Spada, na via Zaragoza): as mulheres que participaram da luta antifascista em Bolonha também não foram esquecidas: em 1975, foi construído um monumento em homenagem a elas, no qual constam os nomes de centenas de mortas durante a resistência. As mulheres possuíam um papel fundamental na organização partigiani, pois eram as únicas que conheciam todas as brigadas da cidade e tinham a responsabilidade de coordenar as ações. Em bicicletas ou a pé, essas duas mil mulheres atravessavam Bolonha e os campos ao redor para levar mensagens e mantimentos, correndo grandes perigos.

8) Santuário aos partigiani mortos (Piazza Neptuno): localizado no coração de Bolonha, o santuário é uma das homenagens mais impactantes à resistência antifascista na cidade. Centenas de fotografias com nomes inscritos embaixo nos contam quem eram os homens e mulheres por trás da organização partigiani e que acabaram morrendo na luta. Localizado exatamente no paredão utilizado para fuzilamentos pelos nazi-fascistas, os painéis começaram a ser construídos, espontaneamente, por familiares e amigos das vítimas que desejavam preservar sua memória.

A iniciativa recebeu o apoio das autoridades, que acrescentaram dados sobre a luta antifascista. Segundo informações oficiais, entre os quase 15 mil partigiani, 2.059 foram mortos, sem contar os 2.350 fuzilados e os 829 que perderam a vida em campos de concentração; 945 ficaram feridos em combate; e 6.543 foram presos.

9) Piazza Maggiore: a Praça Maior de Bolonha, que reúne as principais atrações turísticas da cidade, também foi palco de eventos importantes na II Guerra Mundial. Local de grande simbolismo, era nessa praça central que os fascistas faziam suas principais demonstrações de poder, de comícios à mobilizações populares. Durante o conflito, em setembro de 1943, o governo italiano mudou o nome da praça para Piazza della Reppublica em alusão à República Social Italiana, nome dado ao país depois da ocupação nazista (1943 – 1945).

Em abril de 1945, durante a libertação da Itália do nazi-fascismo, a Praça Maior retomou seu nome e foi tomada por grandes comemorações. No Museu da Resistência, estão disponíveis as fotos dessa celebração.

10) Museu da Resistência (ex-Convento di San Mattia ): de documentos à fotografias e relatos, o museu preserva diversos tipos de materiais referentes a resistência antifascista na Itália e, mais especificamente, em Bolonha. Diversos painéis com documentos da época e informações são divididos em salas temáticas. Visita fundamental para quem quer saber mais sobre a história do nazi-fascismo e a resistência no país. Gerido por voluntários, o museu tem entrada gratuita e guias bastante solícitos e interessados em ajudar.

Fonte: Ópera Mundi

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