Clodoaldo aderiu por questões paroquiais

Opinião

A entrada do PV no Governo, através de Yanne Teles, para a Secretaria da Criança e da Juventude, é o chamado “samba do Criolo doido”, uma musiquinha do jornalista Sérgio Porto que satirizava o ensino de História do Brasil nas escolas nos tempos da ditadura, mas que na política passou a ser sinônimo de algo muito confuso, difícil de entender.

Se o PV integra a federação liderada pelo PT, que tem ainda o PCdoB, partido ao qual está filiado o candidato a vice-prefeito de João Campos (PSB), Victor Marques, como pode virar a casaca de última hora, saindo do campo esquerdista para um governo de centro, estando as outras duas legendas – PT e PcdoB – comprometidas no palanque de João?

Tem algo a mais no ar do que avião de carreira. Este é um angu que força o PT e o PCdoB a tomarem uma posição, a não ser que ambos, especialmente o PT, ainda inconformado por ter perdido a vice na chapa de João, estejam usando o PV como boi de piranha para criar dificuldades para a reeleição do prefeito. Clodoaldo é o presidente estadual do PV, mas não tem autonomia para resolver uma equação desta com o seu partido integrando uma federação.

A não ser que essa federação seja apenas um arrumadinho, um acordo de comadres para garantir a sobrevivência de deputados federais que tenham dificuldades naturais de reeleição em razão do fim das coligações. Tudo leva a crer que a explicação se dê mais nessa direção.

Mas o que soube também é que a debandada do PV se deu por questões paroquiais em Água Preta, terra de Clodoaldo, que teria pressionado João Campos a retirar a candidatura do socialista João Fernando Coutinho, para facilitar a eleição de Miruca, seu aliado incondicional no município. Mesmo que isso tenha sido o pivô do episódio, como fica o PV na eleição do Recife, depois de ocupar cargos e assumir compromisso com a reeleição de João?

Vínculo com Marília – A advogada Yanne Teles atuou na campanha de Marília Arraes para o Governo do Estado nas eleições passadas, mas não como coordenadora da área jurídica, como noticiei ontem. Prestou serviços no Grande Recife, inclusive na organização do dia do pleito. Quem, na verdade, coordenou o jurídico da então candidata do Solidariedade foi o advogado Walber Agra, segundo fontes ligadas a Marília que se apressaram em explicar o vínculo de Yanne com a candidata derrotada por Raquel no segundo turno.

Vá entender o PV! – O presidente do PV no Recife, Marco Aurélio Filho, se apressou em explicar, ontem, que a decisão do PV em ingressar no Governo Raquel não compromete o alinhamento do partido no Recife com a reeleição de João Campos. “Foi uma decisão pessoal do deputado federal Clodoaldo Magalhães a nível estadual, mas a nível municipal o partido continua onde sempre esteve, no palanque de João”, garantiu.

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