CNJ e CNMP vão acompanhar apuração sobre assassinato de Mãe Bernadete

 

Morte do filho da líder quilombola em 2017 também vai ser acompanhado pelo Observatório das Causas de Grande Repercussão

Da Redação

Mãe Bernadete era considerada uma autoridade na defesa dos Direitos Humanos. Crédito: Reprodução

Os processos judiciais em que se apuram os assassinatos da líder quilombola Mãe Bernadete e do filho dela, Binho do Quilombo, serão acompanhados pelo Observatório das Causas de Grande Repercussão. O colegiado é formado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).

A determinação é da presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do CNJ, ministra Rosa Weber. Segundo o CNJ, “o acompanhamento dos processos sobre as mortes de Mãe Bernadete e de seu filho, ambos na cidade de Simões Filho (BA), responde à gravidade dos fatos noticiados na Bahia e à representatividade da religiosa, que era ligada à defesa da causa quilombola em território ainda sob conflito fundiário”.

A ministra Rosa Weber determinou, ainda, a criação de uma comissão executiva especial para acompanhar os trabalhos de apuração. Em reunião com o governador do Estado, Jerônimo Rodrigues, e o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJBA), desembargador Nilson Soares Castelo Branco, ela enfatizou sua consternação e preocupação com a necessidade de profunda apuração sobre os fatos.

O assassinato da Mãe Bernadete também está sendo acompanhado pelo Observatório dos Direitos Humanos do Poder Judiciário e pelo grupo de trabalho criado pelo CNJ para analisar questões relativas à regularização dos territórios quilombolas.

Encontro

Na semana passada, durante a sessão plenária do conselho, a ministra Rosa Weber afirmou que não ia esquecer do assassinato da líder quilombola e cobrou explicações. “Eu não esquecerei. E o Conselho Nacional de Justiça vai continuar se empenhando e questionando no sentido do esclarecimento deste bárbaro assassinato”, afirmou.

A ministra se emocionou ao lembrar do encontro que teve com Mãe Bernadete em julho. “Tivemos conhecimento de todas as dificuldades que estas comunidades enfrentam. No mesmo dia, em contato com o governador da Bahia, externei a ele minha enorme preocupação com o que vira; com a pobreza e com as dificuldades enfrentadas [por quilombolas]”, acrescentou.

Em julho, após conversar com lideranças quilombolas da Bahia, a ministra anunciou a instalação de um grupo de trabalho do CNJ para elaborar estudos e propostas de aperfeiçoamento da atuação do Poder Judiciário em casos envolvendo a posse, propriedade e titulação envolvendo comunidades quilombolas. O GT será presidido pelo conselheiro Vieira de Mello Filho.

“Em função desta portaria, quando percorri cinco capitais fazendo o lançamento dos mutirões carcerários [do CNJ], fomos eu e a equipe que me acompanhava visitar o Quilombo Quingoma, nas cercanias de Salvador. […] Conheci a chamada mãe Bernadete, que nos relatou sua história, o assassinato do seu filho. Uma defensora, uma lutadora pelos direitos humanos. E que, inclusive, [estava], teoricamente, sob proteção, com câmeras de vídeo instaladas em sua casa há alguns anos.”

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