Codevasf cobra devolução de R$ 7,5 mi de empresas que receberam verbas suspeitas por meio de emendas parlamentares

Cobrança resulta de uma auditoria do TCU que verificou contratos da Codevasf com empresas em diversos municípios maranhenses, onde foram encontrados indícios de superfaturamento

(Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado | Reprodução)

 A Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf) está exigindo pela primeira vez a devolução de valores de duas construtoras, após identificação de indícios de superfaturamento em obras no Maranhão. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou as irregularidades, que somam R$ 7,5 milhões, oriundos de emendas parlamentares, e que deverão ser restituídos à estatal.

A cobrança, segundo o jornal O Globo, resulta de uma auditoria do TCU que verificou contratos da Codevasf com empresas em diversos municípios maranhenses, onde foram encontrados indícios de superfaturamento e serviços não executados. “Foi apontado superfaturamento por inexecução de serviços”, afirma o relatório que recomendou a cobrança dos valores indevidos.

Ainda de acordo com a reportagem, a Codevasf já acionou a Justiça para recuperar recursos referentes a três contratos e está em negociação em outros 11 casos para a redução dos valores a serem devolvidos. As empreiteiras envolvidas, Engefort e JT Construtora firmaram acordos com a estatal em 2019. A Engefort declarou trabalhar com “honestidade” e que fornecerá todas as respostas necessárias. A JT Construtora informou que todos os detalhes sobre o ressarcimento estão nos processos administrativos.

A estatal afirmou estar aguardando informações adicionais do TCU para prosseguir com as cobranças, devido a divergências sobre os valores devidos. O TCU, por sua vez, indicou que além do ressarcimento, outras sanções podem ser aplicadas aos responsáveis, incluindo multas e a declaração de inidoneidade das empresas.

Os valores sob suspeita são provenientes de emendas parlamentares destinadas a obras em redutos eleitorais, como as direcionadas pelo então deputado Juscelino Filho (União Brasil-MA), que foi indicado para o Ministério das Comunicações pelo União Brasil. Em 2019, Juscelino alocou recursos para cinco cidades maranhenses, incluindo Vitorino Freire, administrada por sua irmã, a prefeita Luanna Rezende. A auditoria do TCU identificou indícios de superfaturamento de R$ 698.000 em contratos para obras no município. Ao todo, R$ 3 milhões de emendas feitas por Juscelino para o estado devem ser devolvidos pelas construtoras.

Em resposta, Juscelino afirmou que todas as indicações foram feitas de “forma transparente e legítima” e que, caso haja irregularidades, os responsáveis devem ser punidos. Em nota, a sua assessoria destacou que a licitação e fiscalização das obras são responsabilidade da Codevasf.

A Codevasf também cobra a devolução de valores de obras financiadas por emendas de outros políticos maranhenses. O ex-senador Roberto Rocha e o deputado Hildo Rocha (MDB-MA) também estão sob investigação por suspeita de superfaturamento em obras de pavimentação. Ambos negam irregularidades e atribuem a responsabilidade à Codevasf.

Rocha e Hildo Rocha declararam que apenas fizeram as indicações dos recursos, cabendo à Codevasf a execução e fiscalização. Hildo Rocha defendeu a punição dos responsáveis por qualquer irregularidade, enquanto Rocha afirmou desconhecer qualquer sobrepreço nas obras indicadas por ele.

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